Páscoa - Ontem, Hoje e Sempre

 

PÁSCOA

ONTEM, HOJE E SEMPRE

 

 

INTRODUÇÃO

 
 
A Páscoa sempre mexeu com a vida das pessoas, gerando grande  expectativa.  Desde criança, acostumamos a esperar por essa festa, pensando nos ovinhos “de coelho”  que receberíamos, pois nossos pais tinham o costume de esconder esses ovinhos entre os arbustos do jardim, sendo essa a primeira atividade naquele dia, quando esquecíamos até do café da manhã.
 
 
Com os anos passando, começamos a ouvir que a Páscoa significa muito mais do que isso, como libertação, a ressurreição de Cristo, etc.  Se pesquisarmos sobre a história dos povos e seus costumes, descobriremos que as raízes e o modo de festejar divergem muito. 
 
Nos estabelecimentos escolares, logo após as novidades do retorno às aulas, dos reencontros, já se começava a falar da Páscoa. Nessa movimentação, era normal ver-se professores requisitados para organizarem comemorações sobre a data religiosa e alunos sentindo o clima que está no ar.
 
 
Enquanto alguns professores projetam a tradicional distribuição de chocolates, fantasiados de coelhos, outros de confissão católica não abrem mão de levarem os alunos em fila para as “confissões” nas igrejas vizinhas. Por outro lado, nota-se outro grupo de professores, planejando eventos mais espirituais, que deixem marcas mais profundas nos participantes. 
 
Foi diante desse quadro diversificado que resolvemos optar pela preparação de uma pesquisa sobre o assunto, suas relevâncias, suas raízes, seus significados espirituais e até profanos. Clarear as dúvidas.
 
Para isso, procuramos buscar subsídio em várias fontes, objetivando o enriquecimento cultural e espiritual dos leitores, através de fatos mais concretos e reais sobre o assunto. Apesar da nossa fé evangélica, procuramos enfocar os fatos de maneira imparcial, registrando informações obtidas de diferente fontes.
 
Para iniciar a exposição, buscamos a fonte mais antiga sobre o assunto - o Antigo Testamento da Bíblia -  passando depois a relatar as distorções que foram aparecendo no decorrer dos tempos. 
 
Que Deus nos dê entendimento racional a todos, ao resultado da nossa pesquisa e aos leitores, para que consigam obter um bom conceito sobre o que for aqui exposto.
 
 
Capítulo  I
AS ORIGENS DA PÁSCOA
 
 
São muitas as informações que se encontram sobre a palavra “Páscoa”. A partir do momento em que a localizamos na História, e tomamos conhecimento da forma em que era festejada, esbarramos em outras festas com características muito semelhantes
 
Como é do conhecimento geral, os festejos de Páscoa começaram com os hebreus (mais tarde chamados de judeus ou israelitas), no exato momento em que planejaram fugir da escravidão egípcia, evento que passou a ser festejado na mesma época do ano, com o nome de Páscoa, um mês chamado Nisã, do Calendário Judaico. 
 
 
1.1  Equinócio de inverno
 
 
Existe um ponto da órbita da Terra em que a noite e o dia têm durações semelhantes. Segundo o nosso calendário, esse dia corresponde a 21 de março, antecedido pela Lua Cheia.
Nessa data, era comum os pastores nômades festejarem o fim do inverno e a chegada da primavera, que oportunizava a colheita de cereais. Isso já acontecia antes mesmo do êxodo israelita do Egito, que motivou, a partir daí, os festejos da Páscoa.
 
 
1.2  Mais de uma Páscoa ?
 
 
Como as duas datas se chocam, há quem diga tratar-se da mesma comemoração, apesar das motivações serem diferentes.
Existem registros sobre os povos europeus antigos de língua germânica, que vale a pena ser comentados: num período anterior ao Cristianismo, esses povos festejavam o Equinócio de Inverno, mas passaram a usar a mesma data, mais tarde, para festejarem a Páscoa Cristã. Para que a data fosse devidamente marcada, escolheram o primeiro domingo após o Equinócio de Inverno, isso é, entre 22 de março e 26 de abril do nosso calendário, no hemisfério norte.
Na China, existe uma festividade chamada “Ching-Ming”, que ocorre na mesma data da Páscoa, quando as pessoas visitam os túmulos dos seus ancestrais, levando-lhes oferendas em forma de comida, para que eles fiquem satisfeitos com seus descendentes vivos.
 
 
1.3  Significados da palavra Páscoa
 
 
Não importando o povo ou a língua, Páscoa, de um modo geral, significa “passagem”. Se pensarmos nos tempos bíblicos dos hebreus, significava passagem da escravidão para a liberdade; se pensarmos em termos atuais, representa a passagem de um tempo de trevas para um tempo de luz.
Cada língua tem sua palavra específica para designar o termo Páscoa, e podemos citar algumas delas: Pessah (hebraico), Paskha (grego), Pache (latim), Easter (inglês), Pâques (francês), Ostern (alemão), etc.
Se nos determos na palavra hebraica “pessah”, ela nos dá o sentido de saltar por cima, passar sobre, poupar.
 
 
Capítulo II
A PÁSCOA JUDAICA
 
 
2.1  Origens do Povo Hebreu
 
 
Os relatos do Antigo Testamento contam desde o patriarca Abraão e seus filhos Esaú e Jacó. Havia promessas de Deus para essas pessoas, através das suas descendências, sinal mais marcante em Jacó e seus doze filhos, que se mantiveram sob as ordens do Senhor. 
O capítulo 46 do livro de Gênesis conta sobre um longo período de fome pelo qual passou essa família. Jacó, velho e quase cego, resolve que toda a família, num total de 66 pessoas, deveria descer para as terras do Egito, levando tudo o que tinham, instalando-se nas terras de Gósen. 
O grande povo hebreu foi constituído pelos descendentes dessas 66 pessoas, durante os 400 anos em que permaneceram no Egito, sendo que em boa parte desse tempo serviram como escravos. A nação hebraica dividiu-se, mais tarde, em 12 tribos, tendo à frente de cada uma delas um desses filhos do patriarca Jacó, que mencionamos acima.
 
 
2.2  A Libertação
 
 
O capítulo 12 do livro de Êxodo traz um relato detalhado de como esse povo se libertou das garras do Faraó Ramsés II, quando Deus levantou a Moisés como líder e responsável por essa tarefa. No dia da noite em que Deus estabeleceu a partida (ano 1445 a.C), disse a Moisés que ordenasse ao povo que sacrificassem um cordeiro por família, para comerem assado, acompanhado de pães sem fermento e ervas amargas.
 
 
Essa seria a última refeição em solo egípcio, antes da grande viagem rumo à Terra Prometida, a Palestina. Ordenou-se que o sangue do cordeiro deveria ser passado na parte superior da porta das casas dos hebreus, para que o Anjo do Morte passasse por cima sem levar o primogênito daquela casa, fato que se consumaria em todas as casas egípcias.
 
 
 
2.3  A festa dos pães asmos
 
 
Através de Moisés, o Senhor estabeleceu que, a partir dali, em todos os anos nessa época seria festejada essa vitória, numa festa com duração de sete dias, que receberia o nome de “Festa dos Pães Asmos”. Isso corresponderia às festas de independência dos países que conhecemos, mas com um sentimento espiritual, além de político.
Como já dissemos, se nos reportarmos à língua hebraica, veremos que o termo “Pessah” significa, além de outras coisas, “passar por cima”. Se lembrarmos do Anjo da Morte poupando os primogênitos, passando por cima das casas com sangue na porta, concordaremos que o nome está bem apropriado. 
A primeira Páscoa foi festejada no mês chamado de Nisã, que passou a ser o primeiro mês judaico (Êxodo 12:2), correspondendo aos nossos meses de março e abril, época em que amadurecia o cereal. O cordeiro a ser abatido deveria ter entre um e dois anos e ser do sexo masculino. 
Porém, aquilo que começou como uma cerimônia restrita ao seio de cada família, passou a ser celebrada publicamente. Se nos reportarmos ao tempo do rei Herodes, a festa já era bem mais sofisticada, com um complicado cerimonial.  Na época de Jesus, o costume de se comer um cordeiro não se limitava ao aconchego de uma família, podendo acontecer com um grupo de pessoas que sentissem vontade de se reunir para tal fim. 
Depois da destruição de Jerusalém (70 d.C.), com a ausência do templo e separação do povo, a Páscoa judaica voltou a ser uma festa íntima de família. Nos dias atuais, a principal cerimônia da Páscoa Judaica é o “Seder”, banquete que reúne as famílias, mas que pode até dispensar a presença do cordeiro assado. O chefe da família, entretanto, tem por obrigação narrar aos descendentes a história do êxodo do Egito. A regra de não comer nada fermentado é mantida até o fim das festividades.
 
 
 Capítulo III
A PÁSCOA CRISTÃ
 
 
 
Como se sabe, a Igreja Cristã Primitiva, que surgiu após a subida de Jesus aos céus, era composta apenas por judeus, no seu início. O grupo cresceu velozmente, quando passou a aceitar os gentios, ou seja, pessoas de outras raças, como podemos observar nos relatos do livro de Atos dos Apóstolos.
Vejamos, agora, como os cristãos passaram a celebrar essa mesma Páscoa Judaica, ligando-a ao acontecimento da última Ceia com o Mestre Jesus. Eles se encontravam nas cercanias de Jerusalém, e Jesus combinou com Seus apóstolos que celebraria a Páscoa com eles, na casa de um certo homem. Naquele momento, Jesus instituiu uma ordenança importante, ou seja, que a partir daquele dia, o vinho e o pão seriam bebido e comido em memória d’Ele. Isso está registrado em Lucas 22:19 e I Coríntios 11:24,25.  Surge aí uma nova motivação para a celebração da Páscoa.
 
 
 
 
3.1 Judaísmo e Cristianismo
 
 
As pessoas acostumadas com os textos bíblicos sabem que, para a cristandade, a festa judaica contém rico simbolismo, pois ela, profeticamente, apontava para a chegada do Messias. Se lermos o livro de 1 Coríntios 5:7 veremos o apóstolo Paulo chamando Jesus de “nosso Cordeiro Pascal”.
Para encerrar, registramos que a morte e ressurreição de Cristo aconteceram exatamente durante as festividades judaicas da Páscoa, confirmando os princípios de “libertação”, “passagem”, etc
 
 
 

Capítulo IV

A PÁSCOA CATÓLICO-ROMANA

 
 
Com o tempo passando, rituais e celebrações foram sendo acrescentadas a essa forma cristã de festejar a Páscoa. O sentido inicial da reunião de cada família para comer um cordeiro, pães sem fermento, ervas amargas, etc., foi se perdendo no meio dos cristãos, através de decretos dos líderes que foram sendo colocados à frente da Igreja. 
 
 
4.1 Os rituais da Quaresma 
 
 
Em 998, a Igreja estabelece o período de 40 dias da Quaresma, quando começou o hábito de encenar os passos de Jesus e Seus discípulos, nos dias que antecederam Sua morte, passando pela crucificação e culminando com a ressurreição.
 
Apesar das práticas serem diminuídas, com o tempo, os fiéis eram incentivados a não comer carne durante esse período de Quaresma. Com o tempo, a proibição restringia-se apenas às quartas e sextas-feiras. Alguns passaram a evitar a carne apenas nas sextas-feiras e a maioria não respeita mais nem essa indicação. Por sinal, não existe fundamentação bíblica para esse costume de abstinência de carne, pois ela passou a existir através de decretos. 
 
Como acontece ainda hoje, tudo começa bem antes, na “Quarta-feira de Cinzas”, quando o povo sai das festividades profanas do Carnaval e submete-se às cinzas do arrependimento, conforme era costume dos judeus no Antigo Testamento. 
 
Dias depois, acontece a Procissão de Passos, mostrando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando os fiéis costumam levar ramos, exatamente como aconteceu na passagem bíblica. 
 
 
 
 4.2 Semana Santa
 
 
Na Quinta-feira Santa é rezada uma missa, onde é encenada a cena histórica do “Lava-pés”, lembrando a humildade de Jesus em lavar os pés de seus discípulos. 
Na Sexta-feira Santa, denunciando um sentimento de luto, as imagens de santos são cobertas por panos roxos, nos templos. Nesse dia não há missas. À noite, acontece a “Procissão do Senhor Morto”, encenação mostrando o “enterro de Jesus”, com grupos de judeus escarnecendo de Jesus, etc. 
Fora essa atividade, era normal que católicos-romanos fiéis não saíssem de suas casas, guardando aquele sentimento de luto. Até algumas décadas atrás, as crianças não podiam brincar nesse dia, as mulheres não varriam suas casas, etc.
 
Com a ausência de missas nesse dia, os fiéis costumam reunir-se para recitar os “Mistérios Dolorosos”, textos religiosos que lembram a prisão, tortura e morte de Jesus Cristo. Era comum, até algumas décadas atrás, as pessoas “roubarem” galinhas e outras coisas da casas dos outros, na madrugada entre sexta e sábado, pois as pessoas acreditavam que nessa noite não seria pecado roubar, uma vez que Jesus “estava morto”.
 
 
No “Sábado de Aleluia”, ainda existe um ritual que acontece fora dos domínios da igreja: a “Malhação do Judas”.  As pessoas enforcam bonecos em postes ou árvores e não param de bater com paus até que os bonecos se desfazem. Outros costumam atear fogo nesses bonecos. Esse costume nunca foi incentivado pela Igreja Católica, sendo considerado mais um folclore que uma prática religiosa.
  
 
 No “Domingo de Páscoa”, os fiéis festejam a ressurreição de Jesus, quando missas e encenações se repetem. As famílias costumam se reunir para fartos almoços e a carne volta a fazer parte da mesa, assim como as bebidas.
 
 
 

  Capítulo  V

    O PAGANISMO NA PÁSCOA

 

 

Não é raro vermos na história comemorações religiosas transformarem-se em grandes festas pagãs, folclóricas, misturando louvores ao Deus Criador com endeusamentos diversos, muitas vezes chegando até aos extremos do satanismo. 

Nessas comemorações podem ser vistos povos cristãos misturados a povos pagãos, sendo que poucos entre eles tenham consciência do que estão fazendo. Esse é um dos motivos da criação desta pesquisa: esclarecer o que vem de Deus e o que vem do homem. 
Vale registrar aqui que a história chama de “povo pagão” para um agrupamento de pessoas que vive à margem de sentimentos espirituais, desconhecendo qualquer tipo de relação com o Deus Criador, e vivendo segundo seus instintos. No máximo, cultuam a outros deuses, dos mais diversos tipos.
 
 
5.1  Idade Média
 
 
Esse período histórico, que vai do século V até o XV, é conhecido como um tempo de confusão espiritual, resultante da falta de um ensinamento apurado por parte da Igreja, numa busca desenfreada pelo poder, aliado ao poder político estabelecido. A Igreja chegou ao ponto de considerar aqueles que não concordavam com certas coisas de endemoninhados, condenando-os a morrer numa fogueira, em praça pública. 
Nessa época, na Europa, alguns povos homenageavam a deusa Esther (Ostera ou Astarte), que correspondia à palavra inglesa “Easter” (Páscoa). Essa divindade era considerada a “Deusa da Primavera”, o símbolo da fertilidade, carregando um ovo nas mãos, que por sua vez simbolizava uma nova vida. Na mitologia grega, essa deusa correspondia a “Persephone” e na mitologia romana a “Ceres”. A Bíblia Sagrada chamava a esses cultos mitológicos de “Astarote”. (1 Samuel 7:3) 
 
Vale observar a figura o OVO nas mãos da deusa, sua simbologia já naquela época, e sua identificação com os ovos de páscoa da atualidade.
 
 
5.2  Carnaval
 
 
É comum ver-se pessoas perguntando qual seria a ligação da festa do Carnaval com a Quaresma, a Semana Santa, Páscoa, etc., uma vez que a Quaresma ocorre sempre 40 dias antes da Páscoa, e o Carnaval ocorre nos dias que antecedem à Quaresma. É em cima dessas coincidências, que precisamos pesquisar a respeito do Carnaval, para que dúvidas sejam tiradas.
Atualmente, conhece-se o Carnaval como a festa do povo, tempo de alegrias, folclore, época de desfiles, fantasias, dando a impressão de que se trata de uma festa tipicamente brasileira, com forte influência negra. Sua origem, porém, vem do termo italiano “Carnevale”, que significa “adeus à carne”. 
No Egito Antigo, existia a festa do “Boi Apís”, um animal sagrado. O povo conduzia esse boi pelas ruas, em procissão, por sacerdotes, magistrados, o povo em geral, todos fantasiados grotescamente, dançando, cantando, até que o boi entrasse no rio Nilo e se afogasse. Essa mesma festa foi levada para a Grécia, recebendo o nome de “Dionisíaca”, em honra a Dionísio, o deus do vinho; em Roma, recebeu o nome de “Bacanal” em homenagem a Baco, o deus do vinho de lá. Durante essa festividade, os estabelecimentos oficiais se fechavam e a devassidão, a orgia e os prazeres sensuais eram inomináveis. 
 
 
O Cristianismo fez arrefecer um pouco essas festividades pagãs, mas durante a Idade Média, diante da tolerância da Igreja dominante, essas coisas voltaram com força total, principalmente nos povos latinos. A respeito do “Bois Apís” do Egito, por exemplo, que a população maltratava até que ele fugisse para dentro do rio e morresse, mais tarde em Portugal e hoje em Santa Catarina, existe a “Farra do Boi”, que se assemelha muito a essa festa antigas do Egito. Como se escreve no final dos filmes e novelas, “Qualquer semelhança é mera coincidência.”
 
 
O Carnaval sempre foi considerado uma festa pagã, pois era dedicada a “Momo”, o deus da zombaria, do sarcasmo, da pândega. Pela tolewrância da Igreja, tudo isso foi sendo ligado à Quaresma, período de abstinência e jejum, que culmina com a Semana Santa. Conforme a Mitologia, Momo foi expulso do Olimpo, para ser, na Terra, o “Rei dos Loucos”. 
Logo se vê, que essa festa nada tem a ver com o Cristianismo verdadeiro, transformando-se em heresia qualquer ligação dela com os festejos pascais iniciados na “Quarta-feira de Cinzas”.
 
 
5.3  O Ovo de Páscoa
 
 
As pessoas dizem que o ovo contém o germe, o fruto da vida, representando o nascimento, o renascimento, a renovação e criação cíclica. Em cima de tudo isso, pode-se muita gente resume que o ovo é o símbolo da vida.
A mitologia encarregou-se de criar Perséfone, a “Deusa da terra e da agricultura”, sendo a personificação da natureza. Também era considerada a “Deusa dos Mortos”. Ela era filha de Zeus e Deméter e costumava carregar um ovo nas mãos, de onde deve ter originou a ideia de usá-lo, no futuro, como o símbolo da Páscoa.
Foi na Antiguidade que começou o costume de presentearem-se ovos ornamentados e coloridos. Esses povos pagãos europeus comemoravam a chegada da Primavera (Equinócio de inverno) decorando ovos para serem dados de presente.  Os nobres e os ricos preparavam ovos de metais valiosos, tendo jóias incrustadas neles. Os ucranianos sempre adotaram esse costume. Para eles, receber ovos pintados trazia sorte, fertilidade, amor e fortuna.
 
Os celtas, os egípcios, os chineses e outras civilizações antigas acreditavam que o mundo havia nascido de um ovo. Esse “ovo cósmico” teria aparecido depois de um período de caos do universo. Na Índia, acreditava-se que uma gansa chamada “Hamsa”, considerada como o “Espírito do sopro divino”, chocou esse tal ovo na superfície das primeiras águas, dividindo tudo o que existia até então em duas partes distintas: o Céu e a Terra, teoria compartilhada pelos celtas, só que o ovo seria de uma serpente. A parte da clara seria o Céu, enquanto que a gema representaria a Terra. Na China, tal crença também existia, só que as duas partes separadas transformaram-se nos elementos “Yin” (Terra) e “Yan” (Céu), até hoje existentes. 
Já na tradição cristã européia, usavam-se ovos de galinha, de pata ou de pombinhas, representando a renovação periódica da natureza. Ainda hoje, em muitos países europeus, acredita-se que comer ovos no dia de Páscoa traz saúde e sorte para o resto do ano. Também creem que comer um ovo posto pela galinha numa Sexta-feira Santa, afasta doenças.
Baseados nos povos pagãos europeus, os cristãos primitivos da Mesopotâmia adotaram o costume de usar ovos coloridos, porém presenteando-os durante a Páscoa. Isso representaria a alegria da ressurreição. Na Armênia, passaram a decorar ovos ocos com retratos de Cristo, da Virgem Maria e de outras imagens religiosas.
 
 
Esse costume passou a ser absorvido na Inglaterra durante o reinado de Eduardo I (900-924). Eles davam um banho de ouro nos ovos, ofertando-os a amigos e aliados. 
Essa tradição de usar ovos naturais durou até o século XIX, quando ainda não existiam ovos de chocolate.
 
 
5.4  Chocolate
 
 
“Theobroma” era o nome dado pelos gregos ao chocolate, considerado como o “alimento dos deuses”. No século XVI, eram atribuídos poderes afrodisíacos ao chocolate, sendo seu uso quase exclusivo pelos governantes e soldados.  Além de saboroso, o chocolate tem alto poder nutritivo e rico complemento repositor de energia. Em certa época, o chocolate era considerado um pecado, em outro um remédio e alimento de deuses. Ora sagrado, ora profano.
O uso do chocolate nas festividades de Páscoa começou com os Maias e os Astecas, civilizações que o consideraram tão valioso quanto o ouro. Chegaram a usá-lo como moeda.
Somente no século XX foram criados os bombons e ovos de Páscoa, como forma de se estabelecer um consumo intenso pelo mundo inteiro, iniciando seu aparecimento no Brasil em 1920, vindos de Paris. Assim, foi sendo deixado de lado o costume de usar-se ovos naturais.
 
5.5  O coelhinho
 
 
No Egito Antigo, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antiguidade o consideravam o símbolo da Lua. Como é a Lua Cheia quem determina a época da Páscoa, é possível que tenha havido um cruzamento de costumes. O fato mais comprovado, é que o coelho é o símbolo da fertilidade, como a deusa Ostera, da mitologia grega. 
Foi no século XVIII que a Igreja passou a unir o significado de “libertação” ou “passagem” com o costume pagão, segundo o qual o ovo e o coelho são o símbolo da nova vida, ou seja, da ressurreição.
Essa tradição da Páscoa foi trazida para a América em seguida por imigrantes alemães, por volta de 1750. Nessas comemorações, o coelhinho visitaria as crianças, escondendo ovos coloridos em vários lugares dentro e fora de casa, que deveriam ser procurados pela manhã da Páscoa. 
 
Lembram da nossa experiência com “ovinhos” escondidos nos jardins? Somos de origem italiana, e aí está a explicação de toda essa tradição.
 
 
5.6  Outros símbolos

 
Além dos símbolos acima, existem outros usados pelos cristãos católico-romanos, como a vela, o sino, a veste branca, o cordeirinho, o pão e o vinho, peixinhos, entre outras coisas. 
 
a) Vela: simboliza a luz do mundo, que é Cristo; 
b) Sino: simboliza a alegria da ressurreição; 
c) Veste branca: significa o novo corpo, o novo homem purificado pelo sangue de Cristo; 
d) Pão o vinho: são a lembrança da entrega total de Cristo; 
e) Cordeirinho: representa o próprio Cristo, o “Cordeiro Pascal”; 
f) Sepulcro vazio: a melhor forma de mostrar a vitória da vida sobre a morte, etc.
 
 
 

Capítulo  VI

A CRONOLOGIA DA PÁSCOA

 
 
Nos capítulos anteriores, mencionamos algumas vezes como se chegou à data dos festejos da Páscoa, falando da festa dos pastores nômades e da Lua Cheia antes do Equinócio de Inverno (entre 22 de março a 26 de abril). O mesmo cálculo foi empregado pelos antigos povos de língua germânica, na Europa. Não podemos precisar se essas coisas são coincidências ou parâmetros.
Seguindo as orientações do Concílio de Nicéia (325 d.C.), o papa Gregório XIII decretou em 1582 que os festejos de Páscoa passariam a acontecer no primeiro domingo depois da Lua Cheia, que ocorre nos dias subsequentes a 21 de março. Com base nisso, estabeleceu-se que a “Quarta-feira de Cinzas” ocorreria 46 dias antes da Páscoa e que a “Terça-feira de Carnaval” seria 47 dias antes. Essa decisão vale até nossos dias.
Na verdade, existe uma tabela complicada para calcular a data da Páscoa para qualquer ano do nosso calendário gregoriano. Usa-se a para ano, m para mês e d para dia:
 
c  =  a/100
n  =  a – [19x(a/19)]
k  =  (c – 17)/25
i  =  c – c/4 – [(c – k)/3] + (19xn) + 15
i  =  i – [30x(i/30)]
i  =  i – {(i/28)x[l – (i/28)] x [29/(i + l)] x [(21 – n)/11]}
j  = a + a/4 + i + 2 – c + c/4
j  =  j – [7x(j/7)]
l  =  i – j
m  =  3 + [(l + 40)/44]
d = l + 28 – [31x(m/4)]
 
Como resultado desses cálculos, transcrevemos a seguir a data exata de ocorrência da Páscoa do ano de 1980 a 2024
 
1980  -  06/ABR 1991  -  31/MAR 2002  -  31/MAR 2013  -  31/MAR
1981  -  19/ABR 1992  -  19/ABR 2003  -  20/ABR 2014  -  20/ABR
1982  -  11/ABR 1993  -  11/abr  2004  -  11/ABR 2015  -  05/ABR
1983  -  03/ABR 1994  -  03/ABR 2005  -  27/MAR 2016  -  27/MAR
1984  -  22/ABR 1995  -  16/ABR 2006  -  16/ABR 2017  -  16/ABR
1985  -  07/ABR 1996  -  07/ABR 2007  -  08/ABR 2018  -  01/ABR
1986  -  30/MAR 1997  -  30/MAR 2008  -  23/MAR 2019  -  21/ABR
1987  -  19/ABR 1998  -  12/ABR 2009  -  12/ABR 2020  -  12/ABR
1988  -  03/ABR 1999  -  04/ABR 2010  -  04/ABR 2021  -  04/ABR
1989  -  26/MAR 2000  -  23/ABR 2011  -  24/ABR 2022  -  17/ABR
1990  -  15/ABR 2001  -  15/ABR 2012  -  08/ABR 2023  -  09/ABR
 
Como curiosidade, abaixo transcrevemos como as pessoas de alguns povos de desejam “Feliz Páscoa!” umas para as outras:
 
Vesele Vanoce   (Eslováquia)
Schöne Ostern  (Alemanha)
Buona Pasqua (Itália)
Souk San Van Easter (Laos)
Sreken Veligden (Macedônia)
Happy Easter (Inglaterra e EUA)
Joyeuses Pâques (França)
Kalo Paska)  (Grécia)
Fouai Howo Gie Quaile (China)
Eid-Foss’h Mubarak  (Arábia  Saudita)
Sretun Uskrs  (Croácia)
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
 
 
Com a conclusão deste trabalho, registramos, humildemente, que aprendemos muita coisa sobre a Páscoa. Desconhecíamos, por exemplo, o porquê do coelho, do ovo, do chocolate, enfim, desconhecíamos quase tudo da Páscoa, incluindo aí como se chega às datas festejadas. 
Felizmente, o nosso lapso de entendimento se restringiu às crenças pagãs que têm se misturado com as verdades bíblicas. Felizmente, já conhecíamos o real sentido da obra realizada por Nosso Senhor Jesus Cristo, em favor de muitos de Seus seguidores. 
O que se observa é que a cristandade contemporânea tem reduzido a Páscoa a uma visão capitalista, fugindo do seu real sentido. O “Cordeiro Imaculado” tem sido trocado pelo simpático coelhinho, enquanto que os ovos de chocolate fazem muita gente esquecer da vitória da vida sobre a morte, através de Cristo.
O que precisamos aprender é que a Páscoa deve acontecer no dia-a-dia, no silêncio da prece, na partilha da amizade, na vivência do amor, no intercâmbio da fraternidade. Não devemos esperar pela data marcada entre 22 de março e 26 de abril para lembrarmos dessas coisas. Essas datas são marcadas por pessoas humanas, mas o “...Amai a Deus sobre todas e coisas e ao próximo como a ti mesmo”  vale para todos os dias.
O que precisamos é aprender com Jesus, através dos Seus ensinos no Novo Testamento: Ele celebrou a Páscoa e instituiu a Ceia, sendo que nós, cristãos, devemos comemorar Sua morte e Sua ressurreição na ótica bíblica e não capitalista, pois o “Cordeiro de Deus”, que tira o pecado do mundo, deu Sua vida em resgate da vida de todos aqueles que O seguirem. Que Seu nome seja glorificado!  A Ele, toda glória e louvor!
 
 
AUTOR

Walmir Damiani Corrêa
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTES PESQUISADAS
 

 
 
• BÍBLIA Sagrada. Edição Contemporânea de João Ferreira de Almeida. Editora Vida.
• LOPES, Carlos Augusto. Páscoa - uma festa que aponta para Cristo e nada mais. Jornal de bairros, Tubarão/SC,  abr. 2003.
• DOUGLAS, J.D. Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Editora Vida Nova,1988.
• www.pratofeito.com.br
• Anotações de cursos, sem qualquer registro.
• Depoimentos verbais de autoridades eclesiásticas.
 

Por: Walmir Damiani Corrêa

Publicado em 03/08/2013

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