OS 7 PECADOS CAPITAIS
1. INTRODUÇÃO
Essa relação chamada de PECADOS CAPITAIS é mais uma invenção da Igreja Católica Apostólica Romana, chegando a sugerir que é desses sete pecados que se originam todos os demais pecados existentes.
Em momento algum a Bíblica exibe essa lista chamada de 7 Pecados Capitais, que não podem ser confundidos com os 10 Mandamentos. O mais perto que poderíamos chegar é a uma lista exibida no livro de Provérbios 6:16-19, que trata de “sete pecados que o Senhor Detesta”. Nesse texto, a Bíblia ensina o que é que o Senhor detesta: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que traça planos perversos, pés que se apressam em fazer o mal, a testemunha falsa que espalha mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos. Será que podemos confundir essa relação de 7 situações com a relação dos Sete Pecados Capitais da Igreja Católica?
2. A LISTA “OFICIAL” DOS PECADOS
Para chegarmos à origem dessa lista dos Sete Pecados Capitais, precisamos viajar na História até 20 anos antes do nascimento de Jesus, quando o poeta Horácio já se preocupava em montar uma relação com os pecados mais graves, e chegou mais ou menos ao mesmo conteúdo dos dias de hoje.
No Século IV, o monge grego Evagrius Ponticus tentou simplificar a lista que vinha viajando pela história e chegou até o seu tempo. A lista que o monge “enxugou” ficou pronta com 8 pecados, ou seja, oito atitudes pecaminosas. Veja a semelhança com a atual: gula, fornicação, avareza, descrença, ira, desencorajamento, vanglória e soberba.
No Ano 590 a sugestão do monge Evagrius ganhou ares canônicos pelas mãos do Papa Gregório I, ou seja, a lista virou coisa oficial, pois os papas tinham esse poder nas suas mãos. Porém, entre as modificações da antiga relação do monge, Gregório I também tirou o ítem FORNICAÇÃO, que ele deve ter achado um exagero. Acrescentando no seu lugar EXTRAVAGÂNCIA e INVEJA.
Foi assim que os Pecados Capitais ganharam ares de “constituição” durante seis séculos, quando Tomás de Aquino mexeu mais uma vez na relação, dando-lhe uma formação final. O problema é que enquanto Aquino resolvia as coisas pelas suas ideias, um advogado italiano também estava mexendo na lista original do monge Evagrius. O resultado final do advogado foi parar nas mãos de Dante Alighieri, que fez daquele documento a base para um poema épico chamado “A Divina Comédia”, um dos temas mais influentes e populares do catolicismo.
Para nos apressarmos um pouco, apenas vamos dizendo que essa lista de pecados foi “invadida” muitas vezes, daí pra frente, chegando até os tempos de Mahatma Gandhi, que passou a chamar a sua relação de ”Sete Pecados Sociais”.
Em 2008, o próprio Vaticano elaborou uma versão moderna das transgressões comuns do catolicismo, quando acrescentou como pecado as seguintes ações: poluição do meio ambiente, manipulação genética, riqueza obscena, empobrecimento alheio, tráfico de drogas, experiências científicas amorais e violação dos direitos humanos.
3. DOENÇAS OU PECADOS?
Os antigos gregos consideravam certos comportamentos humanos como um problema de saúde, enquanto que a Igreja já se apressava em rotulá-los como pecados. Tomando-se como exemplo um problema de depressão, que seria uma mistura de melancolia com tristeza, os gregos a consideravam uma doença, mas os pensadores da Igreja Católica a considerava um pecado.
Para que essa tendência fosse melhor ilustrada, a Igreja Católica inclusive subdividia tais pecados em dois tipos: os que podem ser perdoados sem necessidade de serem confessados, ou como merecedores de condenação, passando a ser chamados de pecados capitais.
4. A TRADIÇÃO CATÓLICA
4.1 Luxúria
Não há pecado mais sedutor do que a luxúria, o desejo extremo pelos prazeres do sexo. Alguns definem como o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Em seu sentido original também pode ser entendido como “deixar-se dominar pelas paixões”. Exemplificando isso, a Bíblia ensina que aquele que olha para uma mulher com desejo, já estará cometendo adultério.
Como dá para observar, a luxúria tem a ver com o desejo passional, sensual. Porém, Tomás de Aquino (Século 13) defendia que a luxúria também estaria relacionada ao egoísmo humano, aquela tendência de querer-se ter sempre mais e mais, não se contentando com o que já se tem. Nesse caso, o sentimento seria até confundido com outro que falaremos a seguir, que é a cobiça.
4.2 Gula
Nenhum outro pecado capital deixa marcas tão visíveis no organismo de quem o pratica. Pelo menos no imaginário popular.
Dependendo da época ou da cultura, um corpo roliço pode significar saúde, fartura e prosperidade ou abuso, doença e desleixo, mas ele costuma ser associado ao consumo excessivo de comida — e bebida. No contexto cristão, a gula representa a dependência do mundo material, em detrimento da valorização de Deus. Antes do nascimento de Jesus, o poeta romano Horácio já dizia que comer demais retirava a energia das pessoas.
Na opinião popular, gula é o desejo insaciável, em geral por comida e bebida. Segundo tal visão, esse pecado também está relacionado ao egoísmo humano: querer ter sempre mais e mais, não se contentando com o que já tem, ou seja: uma forma de cobiça. Ela seria controlada pelo uso da virtude da temperança.
4.3 Cobiça
Pessoas poderosas e bem-sucedidas financeiramente despertam admiração, e suas histórias inspiram livros e filmes. O lado negativo é quando nada e nunca é o suficiente. O pecado estaria menos no acúmulo do que no apego, quando leva as pessoas a prejudicar outras para amontoar ainda mais o que já têm.
Chamado de AVAREZA em classificações diferentes, esse sentimento está relacionado com a ganância excessiva e abusiva de se possuir alguma coisa que não temos, e até de se estar com alguma pessoa. Em outras palavras, é o apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro, priorizando-os e deixando Deus em segundo plano. É considerado o pecado mais tolo, por se firmar em possibilidades.
É considerada um dos pecados capitais pela Igreja Católica, uma vez que o avarento prefere os bens materiais ao convívio com Deus. Neste sentido, o pecado da avareza conduzia à idolatria, que significa tratar algo, que não é Deus, como se fosse um deus.
Gregório I, o papa que compilou a lista do Século VI, afirmou que a eterna cobiça por riqueza possui sete filhas: a traição, a fraude, a mentira, o perjúrio, a inquietude, a violência e a dureza de coração. Dá para observar, que a palavra “avareza”, que não possui apenas o sentido de “mão de vaca”, mas aos gananciosos, mesquinhos, egoístas, corruptos e os ladrões.
4.4 Preguiça
A Igreja Católica apresenta a preguiça como um dos sete pecados capitais, caracterizado pela pessoa que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva à inatividade acentuada. Mas não parece justo que dormir até mais tarde seja definido como um pecado capital. Por deliciosa que seja, a preguiça está sendo levada muito a sério!
Em outras palavras, seria uma aversão ao trabalho, frequentemente associada ao ócio, vadiagem, falta de energia e vontade para realizar determinadas atividades.
4.5 Ira
Pode-se dizer que Deus, na Bíblia, cometeu esse pecado com certa regularidade. Observe que Ele fez desabar aquele dilúvio, derrubou a Torre de Babel, explodiu Sodoma e Gomorra, mandou Adão e Eva pra rua do paraíso, e vai por aí. Jesus, mesmo depois de oferecer a outra face, derrubou as barracas dos comerciantes na frente do templo.
No termo latino sobre ira ou raiva vê-se um sentimento natural de aborrecimento que pode ser canalizado para corrigir injustiças, mas na visão católica não passa de mais um pecado instintivo e mortal.
Aparentemente, mostra indignação forte ou vingativa por alguém, um sentimento difícil de controlar. Em outras palavras, seria o intenso e descontrolado sentimento de raiva, ódio, rancor que pode ou não gerar um sentimento de vingança.
A ira torna a pessoa furiosa e descontrolada, com o desejo de destruir aquilo que provocou a tal ira. Esse sentimento não atenta apenas contra os outros, mas pode voltar-se contra aquele que deixa o ódio plantar sementes em seu coração. Seguindo esta linha de raciocínio, o castigo e a execução do causador pertencem a Deus. Por isso a consideram um pecado.
4.6 Inveja
Pois é... Atire a primeira pedra quem nunca sentiu um bocadinho de inveja! O problema é que o invejoso se sente mal com o que não tem - e começa a desejar que ninguém mais tenha.
Há quem confunda a inveja com a AVAREZA, um pecado capital, quando significar um desejo por riqueza material, podendo pertencer ou não a outros. A inveja, inclusive, quando caracteriza olhar-se com malícia, é mencionada nos Dez Mandamentos com um pecado.
Segundo a Igreja, inveja é um ressentimento forte, uma espécie de mal-estar diante de uma conquista de outra pessoa, sempre acompanhado do desejo de se conseguir a mesma conquista. Dizem que ela é considerada pecado porque uma pessoa invejosa ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa, no lugar do próprio crescimento espiritual.
A inveja chega a ser um desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. O invejoso ignora tudo o que é e possui para cobiçar o que é do próximo.
4.7 Orgulho
O Papa Gregório I considerou esse como o pecado original por excelência. Podendo também significar soberba, vaidade e arrogância, o orgulho é um sentimento de superioridade própria, comparado-se a outras pessoas.
O filósofo Tomás de Aquino já afirmava que a soberba era um pecado tão grandioso que deveria ser tratado separadamente do resto. Embora ele considerasse a vaidade como sendo também um pecado, a Igreja Católica resolveu uni-la à palavra soberba, imaginando haver nelas o mesmo componente de vanglória.
5. PECADOS VINDOS DE DEMÔNIOS
Em 1589, Peter Binsfeld classificou os Pecados Capitais aos seus respectivos demônios, seguindo os significados mais usados. De acordo com o autor, essa comparação segue a um esquema:
5.1 Asmodeus (luxúria)
Trata-se de um demônio da Mitologia Judaica, considerado como um dos cinco príncipes do inferno, numa classificação abaixo de Lúcifer. Suas atribuições são a de um demônio regente do sexo e da luxúria, incluindo aí os desentendimentos entre os casais.
No livro deuterocanônico de Tobias, o deus Admodeus é citado como o assassino dos noivos de Sara, Segundo tal livro, Deus envia o Arcanjo Rafael para proteger Tobias, orientando-o para encontrar Sara e depois prender o tal demônio nas mais altas montanhas da Terra., Completada a missão, Rafael cura o pai de Tobias e retorna para a Corte Celeste.
Segundo seitas satânicas, a letra inicial de seu nome é parte integrante do acrônimo BAAL, nome de deus pagão citado tanto nas Escrituras Sagradas do Torá (Judaísmo) como na Bíblia (Cristianismo), que se traduz nos nomes dos demônios Belzebu, Astarot, Asmodeus e Leviatã.
Asmodeus
5.2 Belzebu (gula)
Belzebu é título mais comum atribuído à entidade sobrenatural maligna da tradição judaico-cristã. Ele é tratado como a representação do mal, em sua forma original de um anjo querubim, classe angelical responsável pela música celestial, que foi expulso dos Céus por ter criado a primeira (e talvez única) rebelião de anjos contra Deus com o intuito de tomar-lhe o trono.
Com seu parecer ainda desconhecido, muitas são as tentativas de reproduzi-lo. O mais popular o levaria a ter uma cor vermelha, com feições humanas, mas com chifres, rabo pontiagudo e um tridente na mão, para parecer um cetro.
Alguns acreditam que essas feições teriam sido criadas pela Igreja Católica, afirmação não aceita por eles. Tal opinião alega que, como ela poderia perder seus fiéis para o paganismo, apropriou-se de um elemento de cada deus pagão e reuniu-os, para que toda vez que um de seus fiéis olhasse para uma divindade sentisse medo, associando-a a Lúcifer. Assim, a perda de fiéis teria diminuído notavelmente.
Outra forma também comum, quanto às feições, corresponde a de um ser metade humano, metade bode, com o pentagrama invertido inscritos no corpo (imagem de BAPHOMET), que foi a imagem iniciada pela Igreja Católica. Essa imagem também é adotada pela Maçonaria.
Belzebu
5.3 Mammon (avareza)
Embora na Antiguidade muitos deuses eram cultuados, Mamon não era o nome de uma divindade mas um termo de origem aramaica que significava dinheiro e riqueza. Em Lucas 16:13 Jesus afirmou que não era possível servir-se simultaneamente a Deus e a Mamon.
Segundo os costumes da época de Jesus, servo era o que obedecia às ordens de um senhor, da mesma forma como as determinações divinas, que dizem: “Amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo”. Assim sendo, o que seria servir a Mammon? Logicamente, teria a ver com comportamentos cheios de egoísmo com o semelhante, através de dureza, agressividade, astúcia, desonestidade, etc.
Devemos notar que Jesus não condenou a riqueza em si, pois relacionava-se fraternalmente com pessoas de todas as posições sociais. Na verdade, a riqueza constitui também um tipo de prova, de experiência para o espírito que deve aprender a administrá-la, de tal sorte que ela multiplique o trabalho e promova o progresso.
O que Jesus realmente reprovou foi o apego à posse material e o desejo de consegui-la a qualquer preço, o que ainda hoje ocorre com frequência. Isso levou um filósofo da nossa época a afirmar que a religião do homem moderno era o "monoteísmo do mercado", expressão severa mas que traduz bem a atitude dos que buscam a posse como um fim em si mesma, fazendo dela o centro de suas vidas, a condição essencial de sua felicidade.
Mammon
5.4 Belfegor (preguiça)
Também chamado de BELPHEGOR, é considerado o “Deus do Fogo”, divindade moabita que era venerada no Monte Fegor. Ele simboliza o demônio da preguiça, das descobertas ou dos inventos, cultuado na antiga Palestina, tendo a forma de uma figura barbuda, tendo a boca aberta, e tendo sua língua com feições de um pênis.
Vale registrar que o SABÁ dos feiticeiros da Idade Média eram uma imitação ou repetição das festas de Belfegor.
Belfegor
5.5 Azazel (ira)
Azazel é um demônio de origem hebraica, sendo mencionado em Levíticos na figura do “Bode expiatório”, que foi enviado ao deserto. O povo sorteava entre dois bodes para saber qual deles seria imolado (sacrificado) e qual seria enviado ao deserto, com a função de bode expiatório. O livro de Levíticos ensina (6:8-34) como pagar pelos pecados e impurezas dos filhos de Israel.
Azazel
5.6 Leviatã (inveja)
Também chamado de LEVIATHAN, o “Demônio das águas”, andrógino, era considerado um dos maiores demônios, o maior responsável pela atuação maligna no Brasil, pelo fato do país possuir 12% da água doce do mundo e um dos maiores litorais.
No livro de Isaías 27:1, Leviatã é descrito como a serpente veloz e o dragão do mar, também chamado de "O grande embusteiro", pela facilidade com que triunfa em lances políticos, tratados comerciais e intrigas palacianas. Quando é visto, ele toma aspectos multiformes, estonteantes e vertiginosos, especializando-se em possuir as mulheres famosas.
Leviatã é um dos quatro príncipes coroados do Inferno, e representa OESTE nos quatro pontos cardeais. Quanto aos quatro elementos, ele representa a água.
Leviatã
5.7 Lúcifer (orgulho)
Lúcifer representa a Estrela da Manhã, também chamada de Estrela Matutina, a Estrela D'Alva, o planeta Vênus, mas também representa o nome dado ao anjo caído, da ordem dos Querubins, como descrito no texto Bíblico do Livro de Ezequiel, no capítulo 28.
Nos dias de hoje, numa nova interpretação da palavra, chamam Lúcifer de DIABO (caluniador, acusador), ou SATÃ, que significa simplesmente adversário. Atualmente discute-se a probabilidade de Lúcifer ter sido um Rei Assírio da Babilônia.
Há algum tempo a Rede Globo de Televisão exibiu uma novela chamada “Sete Pecados”, baseando-se na obra “A divina comédia”, de Dante Alighieri, mas numa versão moderna. Na novela, a personagem Beatriz (Priscila Fantin) precisava fazer com que Dante (Reynaldo Gianecchini) cometesse os sete pecados para conseguir seu amor.
Na série televisiva “Supernatural”, da Warner Bros., mais precisamente no episódio 3.01 (primeiro da terceira temporada), os irmãos Dean Winchester (Jensen Ackles) e Sam Winchester (Jared Padalecki) precisaram enfrentar os demônios que escaparam do inferno, e os primeiros que eles enfrentam foram os sete pecados.
O canal History Channel possui uma série que comenta exclusivamente sobre este assunto, levando o nome de "Setes pecados capitais", cada episódio retratando um pecado e as suas características.
Lúcifer
6. A BÍBLIA FALA...
Como se viu acima, essa LISTA OFICIAL de pecados criada pela Igreja Católica Romana é mais uma de suas heresias sem fim que já tivemos oportunidade de divulgar no nosso site.
Leia com cuidado essas duas menções bíblicas a seguir, que trazem à tona todo a trajetória de erros cometida pelo catolicismo.
"Seis são as coisas que aborrecem o Senhor e sete as que a sua alma abomina: Olhos ativos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, um coração que maquina projetos iníquos, pés apressados para o mal, testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia discórdias entre irmãos." (Provébios 6:16–19)
"Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus." (Gálatas 5:19-21)
REFERÊNCIAS DE PESQUISA
http://www.catolicoorante.com.br/7pecados.html
PESQUISADOR
Walmir Damiani Corrêa
www.elevados.com.br