Olha para nós!

 OLHA PARA NÓS!

 

 

Pedro e João subiam juntos ao templo na hora da oração, a nona. Ora, era trazido um homem que desde o ventre da mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam. Vendo a Pedro e João, que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola. Pedro, juntamente com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós. E olhou para eles, esperando receber alguma coisa. Disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho te dou. Em nome de Jesus Cristo, o nazareno, levanta-te e anda. 

Tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram. Saltando ele, pôs-se em pé e começou a andar. Então entrou com eles no templo andando e saltando, e louvando a Deus. Quando todo o povo o viu andar e louvar a Deus, reconheceram-no como o mesmo homem que se assentava a pedir esmola à porta Formosa do templo, e ficaram cheios de pasmo e assombro pelo que lhe acontecera.

E apegando-se o coxo a Pedro e João, todo o povo correu atônito para junto, ao pórtico de Salomão. Quando Pedro viu isto, disse ao povo: Homens israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nosso próprio poder ou santidade tivéssemos feito andar este homem? O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu filho Jesus, a quem vós entregastes, e perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto. (Atos 3:1-13)

Estando eles falando ao povo, sobrevieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus. Perturbaram-se muito de que ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos. Lançaram mão deles, e os encerraram na prisão até o dia seguinte, porque já era tarde. Muitos porém dos que ouviram a palavra, creram, e chegou o número desses a quase cinco mil. (Atos 4:1-4)

 

INTRODUÇÃO

 

Está me vindo à mente, nesta manhã, a  profecia do profeta Amós, no capítulo 7 do seu livro, quando Deus estava sentado sobre um muro levantado a prumo. Enquanto segurava o prumo, me perguntava o que eu estava vendo.  

Confesso para vocês que esta mensagem tem mexido com o meu coração ultimamente. Dias atrás, quando ia ministrar esta Palavra, fui movido a levar um prumo para a igreja e mostrar qual a sua importância numa construção. Não sei se essa ferramenta hoje é a mesma do tempo de Amós, mas garanto que cumpria a mesma finalidade, ou seja: uma das características do prumo é a retidão com que ele possibilita às paredes que estão sendo erguidas.

Depois da resposta de Amós, que estava vendo um prumo, o Senhor disse a ele que passaria um prumo pelo meio do povo de Israel, e que aquilo que não estivesse edificado na retidão do prumo, seria derrubado para restauração. 

Quando eu olho hoje para a Igreja, para o Povo de Deus nesta terra, vejo que Deus está agindo mais ou menos dessa forma, não como um Deus carrasco, não como um Deus duro, não como um Deus padrasto, mas com muito amor e justiça. Ele tem nos preparado, tem podado nossas arestas, tem fortalecido nossos pontos fracos, a fim de que possamos dar frutos na medida em que O formos conhecendo e fazendo-O conhecido.

 

ATOS 3

 

Quando eu leio o capítulo 3 de Atos dos Apóstolos, eu vejo que a situação ali descrita não é muito diferente da forma como a Igreja está se conduzindo hoje. Eu vejo que havia uma sensibilidade na vida desses apóstolos, ao ponto deles saberem até como fazer para se desviarem do mal.

Quando Deus deu o testemunho de Jó diante de Satanás, Ele não disse que Jó era um homem super perfeito, ou um modelo, mas disse que Jó era íntegro, reto, e que se desviava do mal. Deus via em Jó a imagem de um homem que O representava aqui na terra.

Lendo este capítulo, eu tenho a nítida impressão de que os apóstolos tinham, no seu coração e na sua cabeça, a necessidade de andar da forma mais reta possível diante de Deus e diante dos homens em geral.

É por essa razão que eu gostaria de destacar alguns pontos deste capítulo 3 de Atos dos Apóstolos. Os versículos antecedentes nos dão conta de que aquela Igreja diariamente perseverava unânime no templo, partilhava o pão de casa em casa, e os crentes tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração. Louvavam a Deus e contavam com a simpatia de todo o povo.

Enquanto eles louvavam a Deus e o povo os ia aceitando, a Bíblia nos conta no verso 47 do Capítulo 2 que o Senhor ia lhes acrescentando salvos, dia após dia. Esta é a razão para o crescimento da Igreja: que nós assumamos características de Deus nas nossas vidas, que possamos nos apresentar como embaixadores de Cristo em terra estranha. Aí ficará fácil assistirmos o crescimento da Igreja ou da congregação onde estamos alocados. Só quando as pedras vivas desse tabernáculo tiverem assumido as características de Deus. 

  

UM TESTEMUNHO

 

Certo dia alguém me mandou uma correspondência, contando que estava em luta, enquanto tentava andar com Deus. E essa pessoa já estava percebendo em si mesma algumas características de Deus. A grande diferença entre o crente e o homem do mundo é que Deus está conosco nas lutas, essas mesmas lutas que todo mundo enfrenta. Nós contamos com um aliado, que é Jesus Cristo, o nosso Senhor. A luta vem e Ele está conosco.

Daniel costumava orar a Deus três vezes ao dia, quando estava livre e na comunhão com Deus. Enquanto a cova dos leões o privou de uma liberdade maior, ali Deus estava com ele, com poder sobre sua carne, sobre o seu corpo. 

Havia uma determinação em Daniel de andar com Deus, de assumir características de Deus, a ponto do rei dizer-lhe sarcasticamente que o rei a quem Daniel servia haveria de o livrar. E livrou mesmo!

  

ATOS 3:1-3 FALA DE RESPONSABILIDADE

 

 Voltemos ao nosso texto. O versículo 1 nos diz que Pedro e João subiam ao templo para a oração da hora nona (3 horas da tarde), um hábito peculiar na vida deles. Tinham uma responsabilidade que não vinha de nenhum líder deles, da religião da época, mas iam lá pela necessidade que tinham de estar em comunhão com Deus.

Tenho dito seguidamente que o avivamento dos últimos dias, o reavivamento espiritual que está acontecendo no nosso tempo, tem uma característica significativa, e uma delas é o desejo de estar na casa de Deus, reunido com o Povo de Deus, aquele desejo que nos move durante o dia de trabalho, de estar à noite na igreja, juntamente com os nossos amados irmãos.

Embora o momento não parecesse muito propício para alegrias no coração de Pedro e de João, eles estavam indo ao templo, e essa atitude trazia bênção aos seus corações. Muito embora não seja esta a razão que deve nos levar ao templo, mas vamos lá cultuar a Deus, para dar a Ele o que Lhe é devido, expressar a Ele a nossa gratidão. É por causa de todas essas coisas que Deus se sensibiliza e nos ordena a bênção.

Lembram-se do texto onde Deus disse a Abraão: “Abraão, sê tu uma bênção!”  Pois é... Muitas vezes vamos ao templo buscar uma bênção e esquecemos que o irmão ao nosso lado está muito mais necessitado disso do que nós. Nessa hora, precisamos abençoá-lo, teremos que ser a bênção e não só nos preocupar conosco.

A ação de subir ao templo exigia de Pedro e João um esforço, uma responsabilidade de chegar lá, pois as coisas não lhes seriam entregues de mão beijada. Teriam que ter o esforço de subir ao templo, com aquele desejo de estar lá. Havia uma responsabilidade com aquele apostolado para o qual o Senhor Jesus os havia chamado.

E eles subiam ao templo na hora certa: nem antes, nem depois.  Eu costumo dizer que a nossa não-pontualidade, às vezes, nos fazem perder a bênção. Pelo fato de terem subido na hora certa, encontraram aquele homem ali na porta, e graças a esse encontro o homem foi curado. Se Pedro e João tivessem se atrasado, talvez o homem não estivesse mais ali, e nada teria acontecido para a glória de Jesus. Lucas chama a atenção para o fato de que “na hora da oração eles subiam para o templo”. Na hora!  Sabiam que lá era o lugar certo e a hora certa para estarem.

  

NÓS REPRESENTAMOS CRISTO

 

 O versículo 4 mostra que precisamos nos colocar entre Jesus e as pessoas a quem pretendemos ajudar aqui. “Olha para nós!”  O mundo precisa de parâmetros, precisa olhar para a direção certa!  Já pensaram na responsabilidade de Pedro e de João quando mandaram aquele homem olhar para eles? Pense nisso! Será que nós, hoje, de consciência tranquila, teríamos a capacidade de virar para um colega de trabalho, para um vizinho, para um transeunte na rua, para um comerciante, etc., e dizer-lhes: “Olha para nós! Nós somos um exemplo”

É preciso coragem, segurança! Aqueles dois apóstolos, revestidos da autoridade de Deus, revestidos da unção do Espírito Santo, chegam para aquele coitado e dizem: “Olha para nós!” como se dissessem: “Nós somos um exemplo a ser seguido! Nós somos representantes de DeusI”

É o mesmo que dissessem: O que nós  temos é o que Deus nos concede, é o que flui do Trono da Graça de Deus. Poucos de nós poderiam usar essa frase de Pedro e João, pois se alguém olhasse para nós, não encontraria o caminho da cruz, o caminho da graça de Deus, o caminho que leva realmente a Deus.

O que me chama a atenção é que Deus requer de cada um de nós essa responsabilidade, que vivamos nossa vida de tal forma que onde quer que estejamos, com quem quer que falemos, nós possamos nos apresentar dizendo: “Olhe para nós! Somos representantes de Jesus aqui neste mundo!”

Se analisarmos o Velho Testamento, nós iremos ver homens de Deus sendo taxados de perturbadores. Enquanto o rei Acabe perseguia o profeta Elias, chamando-o de perturbador, a viúva de Sarepta reconhecia palavras de Deus na boca daquele profeta. Enquanto aqueles que não estão dentro dessa dinâmica de Deus nos chamam de perturbadores por causa do Evangelho que pregamos, existem os que veem em nós que a Palavra de Deus, que é a verdade.

Quando a viúva de Sarepta dizia que estava faltando tudo na vida dela (1 Reis 17:8-16), Elias chegou naquela casa e disse-lhe para pegar os últimos mantimentos da sua despensa para  fazer um bolo para ele. Ele sabia o que estava fazendo; não estava explorando aquela pobre mulher, mas apenas alimentando a fé dentro dela. E veja que Elias já tinha ouvido a mulher dizer que com aquela última porção de farinha e azeite ela faria o último bolo para ela e seu filho, e que depois disso morreriam de fome, pois não teriam mais o que comer.

Imaginem agora a cena, Elias escutando aquilo e dizendo para ela: “Então faz esse bolo e dá para mim e depois, se sobrar alguma coisa, faça outro para vocês!”  O profeta, irmãos, estava dentro, ele estava fazendo parte da profecia de Deus! 

É bom que se diga que Elias estava fugindo de uma seca, de fome, de sede, e por isso foi à casa daquela mulher viúva. E nós sabemos como aconteceu o milagre, depois que a mulher atendeu às ordens do profeta.

Depois dessas coisas, ainda na continuação do mesmo capítulo de 1 Reis, lemos a respeito da  morte do filhinho dessa viúva. Elias não era um grande homem de Deus, mas era um homem de Deus. 

Elias também poderia ter dito para aquela viúva a mesma frase de Pedro: “Olha para mim e o teu filho viverá!”. Porém, ele toma o menino no colo, leva-o a outro aposento, e de volta o traz com vida. Foi nessa hora que a mulher disse: “Nisto conheço, agora, que tu és homem de Deus, e que a Palavra do Senhor, na tua boca, é verdade.”

Entenderam, agora, a responsabilidade de nos considerarmos representantes de Deus, de Jesus? A palavra que proferirmos precisa ser verdade, tornar-se verdade à medida que eu vou vivendo aquilo que eu vou aprendendo à luz da Palavra de Deus, à medida que eu vou sendo prático naquilo que a Palavra vai sendo revelada para mim, coerente com essa Palavra, à medida que eu canto, que eu levanto a mão, que eu pulo diante de Deus, à medida que os meus sentimentos correspondem às minhas decisões. À medida que essas coisas vão acontecendo, o mundo vai olhar para mim e ver que sou, de fato, a Igreja do Senhor.

Se olharmos para os 10 anos que esta Igreja esta completando, veremos quantas barreiras Deus removeu, quantas montanhas foram postas de lado, quantas muralhas Ele fez cair, quantas vitórias Ele concedeu. A Igreja precisa entender este seu papel aonde está plantada. Ela precisa ser um referencial para a comunidade, para o mundo que está à sua volta. Esta Igreja pode olhar para seus vizinhos e  dizer: “Olha para nós!”

  

PODE CONTAR CONOSCO!

 

 No verso 5 do nosso texto lemos que o esmoleiro olhava atentamente para Pedro e João, com a certeza de que iria receber algum coisa.  Na verdade, de que adiantaria nos colocarmos à disposição, se não temos nada para dar? Não adianta nada virarmos para o mundo e dizermos “Olha para nós! Olha como nós falamos! Olha como nós somos alegres! Olha como nós somos vitoriosos!”, se nós não conseguimos compartilhar a vitória, a alegria com eles. 

O mundo está urgentemente precisando da nossa palavra profética. Moisés disse certa vez: “Oxalá todo o  Povo de Deus fosse profeta e que sobre todo o Povo de Deus estivesse repousado o Espírito do Senhor!” Eu garanto que se isso acontecesse agora, em 1993, nós não teríamos tanta heresia nesse sentido, da profecia que nós ouvimos por aí. Se o Espírito do Senhor estivesse, de fato, sobre todo o Seu Povo, as coisas estariam bem melhores. Nós temos muita coisa para dar, mas nada nos pertence, pois aquilo que podemos dar não vem de nós, pois somos meros instrumentos, o canal por onde isso vai passar.

O texto é bem claro: o homem olhava atentamente para eles! Nós somos observados atentamente, também! No nosso trabalho, eles estão à espreita, estão nos olhando de tudo que é jeito, para ver onde é que  nós vamos falhar. Na rua, quando passamos, mesmo com a Bíblia debaixo do braço, eles querem saber se nós estamos fazendo aquilo que a Palavra de Deus nos manda.

É... Eles estão olham atentamente para a Igreja. E o nosso adversário se aproveita disso, jogando-nos uns contra os outros lá fora, dividindo, polarizando, tomando partidos. A Igreja de Corinto estava assim, e Paulo lhes chamou à realidade!

Um dos deputados federais do Rio Grande do Sul, umbandista declarado, disse certa vez que os crentes são o segmento mais desunido da nossa sociedade. Estão vendo? O mundo está atento! Eles querem ver se estamos nos dando bem, se estamos caminhando de mãos dadas! Nós até chegamos a cantar: “Oh, meu amado irmão, como é doce a comunhão que eu tenho com você!” Só que essa comunhão vai muito mais além do que se agarrar na mão do irmão que está ao lado, naquele momento de um culto! Vai muito mais além da letra do cântico, da risadinha amarela que damos para o irmão, meio sem jeito, enquanto cantamos! Essa comunhão vai às raias do sacrifício, do suportar uns aos outros! E não estou falando em suportar no sentido de “aguentar”, mas no sentido de ser suporte um para com o outro!

Até que ponto estamos sendo práticos? Deixe-me ser um pouco mais direto: O que é que nós temos para dar, aqui na Igreja ADI, depois desses 10 anos de vida com Deus?

 

 NÃO TENHO RIQUEZAS

 

 Depois de se olharem, Pedro disse para o pobre homem: “Olhe, eu não tenho prata, não tenho ouro, mas o que eu tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o nazareno, levanta-te e anda!”

A Igreja precisa ser até um meio de surpresa para o mundo! Enquanto eles estão olhando para o lado econômico, para a crise instalada nesta nação, para esta crise generalizada em todos os setores da nossa sociedade, a Igreja precisa surpreendê-los, levando até eles uma palavra de esperança viva em Jesus Cristo, uma bênção que eles até duvidam que possamos lhes trazer.

Para aquele paralítico, foi a surpresa maior daquela manhã: esperava uma moedinha, mas recebeu movimento para suas pernas inertes! Pedro e João surpreenderam aquele homem!  Se trouxermos isso para os nossos dias, no momento em que alguém falar em crise, temos que surpreendê-los dizendo que bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor! Precisamos dizer-lhes que nossos governantes precisam conhecer a Deus, viver na presença de Deus!

Pedro e João devem ter percebido, nas entrelinhas, que mais tarde essa Igreja teria ouro e prata, mas não teria poder. A Igreja Primitiva de Atos dos Apóstolos não tinha ouro, nem prata, mas tinha a graça de Deus! A Igreja do Senhor não tem dinheiro para comprar cadeira de rodas para o paralítico, mas tem a unção para fazer o paralítico andar! Eis a grande diferença!!!

Eu me empolgo quando leio este texto, porque ele me desafia a continuar fazendo coisas para a glória de Deus, me anima a continuar gastando o que eu posso gastar em termos de energia, em termos de dinheiro, investindo nesse Reino de Deus.

 

 VERSO 8: UM SALTO PARA O FUTURO

 

 O verso 8 tem uma coisa interessante para nos dizer, também: “E saltando ele, pôs-se de pé e andou, e entrou com eles no templo.” Quando Pedro disse para ele “Olha para nós!” ele tinha o que dar, ele tinha vida, e aquele homem olhou para ele atentamente, nutrindo uma esperança e, nessa expectativa, recebeu aquilo que ele tinha para lhe entregar.

O homem entra no templo com eles, passa a conviver com todos os frequentadores do local! Parece que nós nos conhecemos melhor quando nós convivemos uns com os outros, quando estamos juntos. É no meio dos nossos familiares que nós damos os nossos melhores testemunhos, porque todos nos conhecem bem, conhecem nossas reações diante de determinadas coisas, sabem quando vamos “arrepiar”, quando seremos mais rudes... É ali, naquele momento, que deveremos ser testemunhas de Jesus; é ali que se revela aquela vontade de entrar junto no templo.  Ele queria falar, se mostrar, exibir sua nova postura!

 

 O EXEMPLO A SER DADO

 

 É muito fácil falar, mas o que precisamos é vivenciar! Primeiro lá em casa! Tem gente que acha que sua vida cristã é mandar os filhos para a Escola Dominical e ficar em casa assistindo corridas de Fórmula 1, ou dormindo. Tem gente que acha que comunicação com seu filho deva ser composta apenas de ordens, ordens, ordens... De repente o filho gosta mais do pai da Igreja do que do pai de casa, pois o pai da Igreja é santo, mas o de casa...

É lá em casa que pesa o nosso testemunho de vida, é lá que nos conhecem bem, que percebem mudanças para melhor! Se olharem para nós e receberem de nós o que esperam, todos entrarão juntos no templo para adoração do nome do Senhor.

Nessas nossas caminhadas por aí, temos visto pessoas que são causadoras de decepções; filhos de Deus que são causadores de decepções. Num primeiro contato com o incrédulo, as coisas vão muito bem, mas à medida que a comunhão vai se estreitando e as verdades vão aparecendo, eles se tornam causadores de decepções, não conseguindo levar o outro ao templo com eles! Não conseguem transparecer na própria vida aquela Palavra que pregam.

“É... Eu pensei que ele fosse outra coisa... Eu pensava que crente fosse diferente... Está se comportando igual ao meu patrão, que me pisa...”  Que coisa! Com Pedro e João não foi assim! Mandaram que o homem olhasse para eles: o homem espera deles, eles têm o que dar, e porque eles têm o que dar, aquele homem entra com eles no templo, saltando e louvando a Deus!  O homem deixa de ser companheiro de Pedro e de João, passando a participar da adoração, do louvor, passa a ter prazer em adorar!

  

COMO EXPLICAR O INEXPLICÁVEL

 

 O verso 11 reforça um pouco mais esta questão: “Apegando-se o coxo a Pedro e a João, todo o povo correu atônito para junto deles, no pórtico chamado de Salomão.”  Aproveitando-se da situação, Pedro declara: “Israelitas, por que vos maravilhais disto? Por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos esse homem andar?”  

Aqui está uma lição muito forte, comprometedora para a Igreja do Senhor, nestes dias: a Igreja precisa ser oportunista! Precisa aproveitar as oportunidades que lhe são dadas para dizer as verdades de Deus!

Eles iam para a reunião de oração, encontraram aquele homem, apresentaram-se a ele, o homem os segue ao templo para louvar, e agora os que viram acontecer aquele milagre, ficaram estarrecidos! “Estes homens devem ser semi-deuses, para fazerem o paralítico andar!”  Mas Pedro aproveita aquela oportunidade para dizer que é Deus quem faz o milagre.

Observe-se que primeiro Pedro recriminou-os pelo espanto, como a ofender-se pelo fato deles serem considerados os promotores do milagre. Cobrou-lhes, então, (verso 13) o fato dos israelitas terem matado a Jesus, que houvera sido glorificado pelo Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Afirma-lhes que foi esse Deus quem fez o milagre, esse Deus que os israelitas tinham negado. Essa oportunidade, essa porta que se escancarou a Pedro e João, eles não deixaram escapar.

Não podemos só querer nos consagrar, nos santificar e esquecer os ímpios lá fora. Jesus disse: “Eis que vos envio como ovelhas em meio de lobos.”  E também disse: “Pai, não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal.”  O crente precisa estar lá, sendo luz do mundo e sal da terra. É preciso que eles nos olhem como se fôssemos faróis, para levá-los a um porto seguro. Que possamos também salgá-los com o poder da Palavra de Deus!

 

 ATENÇÃO ÀS OPORTUNIDADES

 

 Quantas oportunidades nós temos perdido! Quantas oportunidades nós temos deixado passar! Às vezes porque não conhecemos bem, outras porque achamos que não é a hora. Temos a mania de “achar” tudo! Achamos, achamos, e nos perdemos nesses “achados”.  Muitas vezes a porta se escancara e nós precisamos entrar e dizer que Deus ainda é Deus. Precisamos ser oportunistas nas mínimas situações. “Pintou” a chance, vamos repetir que Deus ainda é Deus!

Porém, todo crente que anuncia isso tem que pagar um preço. No início do capítulo 4 vemos Pedro e João sendo presos por alardearem a Jesus. Nós cantamos: “Eis-me aqui, Senhor, venho me render (...) Eu sei que é direito Teu tocar em tudo em alguém como eu...”  Mas quando Ele toca em algo na nossa vida, já vamos ficando infelizes! Precisamos entender que tem um preço! Pedro só estava falando de Jesus, do poder de Deus! Não falou mal de ninguém!  Mas foi preso pelos religiosos: os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus.

Religião é coisa que atrapalha, é coisa que dá sensação de concreto, de tangível, mas foram os religiosos quem tentaram embargar o ministério de Jesus. O religioso tem interesse na bênção, na prosperidade, no bom emprego, em viver uma vida de paz, interesses, interesses, interesses...  Já o discípulo serve por amor, sem esperar nada em troca. Essa é a grande diferença! Se tem, Aleluia!  Se não ltem, o Senhor proverá! Essa é a postura dos discípulos, coisa que os religiosos não entendIam naquela época.

Os religiosos não entenderiam Pedro e João sem ouro ou prata, mas cheios de poder, cheios da unção de Deus! Há um preço a pagar, quando se está imbuído do sentimento de discípulo, de Igreja. Não é só as coisas boas, favoráveis que indicam que estamos abençoados. O desfavorável se torna um termômetro para descobrir-se até que ponto experimentamos liberdade em Deus. Esperar em Deus quando tudo é favorável, é fácil! Eu quero ver quando as coisas estiverem desfavoráveis!

Pedro e João estavam nessa situação. Foram presos até o dia seguinte, pois já era tarde. Porém, apesar de estarem presos, eles já tinham dado o seu recado, e quase cinco mil pessoas creram na Palavra.

Onde há vida, há um borborinho natural. O recém-nascido não precisa de ordem para mexer-se, para chorar. A Igreja do Senhor tem vida, ela anda, ela se mete nas questões mais polêmicas para testemunhar que Jesus Cristo é  o Senhor!  Ela se torna quase subversiva! Se em algum lugar é dito para não entrar, ela continua lá! Tudo isso acontece com o objetivo de que aqueles que não conhecem ao Senhor, passem a conhecê-Lo. Prenderam Pedro e João, mas o paralítico continuou a andar e a louvar a Deus! E cinco mil almas se salvaram! 

 

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

  

Estamos vivendo hoje um momento bastante diferente desse que contamos da Igreja Primitiva. Parece que naquele tempo havia mais amor, mais compreensão, mais disponibilidade... Mas Jesus Cristo é o mesmo! A fonte de amor ainda é Deus! Em Isaías 41:6 vemos um ajudar ao outro e dizer: “Esforça-te!”; Provérbios 24:10 diz que “aquele que se torna fraco no dia da angústia é porque a sua força é pequena.” Fortaleçamos nossas mãos, nossos pés, enchamos nossos corações de esperança e fé e anunciemos ao mundo que Jesus Cristo é a vida!

Se dissermos como Isaías: “Deus, eis-me aqui! Envia-me a mim!”, eu vou poder com grande alegria e satisfação entrar na Casa do Senhor na hora da oração, porque aquilo será para mim um ponto fundamental na minha vida de comunhão com Deus. Só assim poderei reunir caracteres de Deus na minha vida, a ponto de dizer a qualquer um neste mundo: “Olha para mim!” Eu não serei um homem perfeito, mas estarei andando com Deus, estarei vendo essas pessoas entrando comigo no templo, para adorar a Deus.

Ah, se nós tivéssemos um coração com disposição para servir de verdade a Deus, nós passaríamos a ter gente apegando-se a nós, porque a Palavra de Deus na nossa boca tem que ser a verdade.

É muito fascinante este projeto de seguirmos a Jesus, não interessando se temos vinte anos de crente, cinquenta, dez, dois meses, não importa! Basta que a cada manhã nós digamos: “Senhor, eu quero seguir-Te neste dia! Eu quero viver contigo passo a passo!"

O mundo lá fora está sem referencial, não sabendo onde se apegar e nós temos essa segurança. Basta que tenhamos testemunho para chegarmos às pessoas e dizer: “Olha para nós!”   Basta para isso que saibamos andar sob a graça de Deus.

 

PREGADOR

Pr. Clóvis da Cunha

 

A mensagem acima foi pregada no templo antigo da Igreja ADI de Tubarão/SC, por ocasião do seu 10º Aniversário de funcionamento, em 02/05/1993. O texto-base escolhido pelo Pr. Clóvis foi Atos 3:1-4. A transformação da pregação em mensagem escrita é um trabalho de Walmir Damiani Corrêa e posteriormente do site www.elevados.com.br. 



 

 

Por: Pr. Clóvis Cunha

Publicado em 23/05/2022

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