Evangelização: O 'modus operandi' de Jesus

   

EVANGELIZAÇÃO

O 'MODUS OPERANDI' DE JESUS

 

I.  INTRODUÇÃO

 

E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. Vendo ele as multidões, tinha grande compaixão delas, porque andavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não tem pastor. Então disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas os ceifeiros são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie ceifeiros para a sua seara. (Mateus 9:35-38)

 

O objetivo deste trabalho é convencer cristãos da necessidade de se evangelizar o mundo, de sair-se às ruas, compor equipes de trabalho, ir lá fora onde os pecadores estão, lá fora onde as batalhas se travam com mais dificuldade, e onde Deus requer a nossa presença.

O mundo lá fora precisa mais da nossa presença do que as quatro paredes da igreja, enfrentando incrédulos, ateus, perversos, enganadores, empedernidos, cruéis, etc. Estando lá, Deus vai nos ajudar, se estivermos dispostos a fazer essa obra.

O texto acima de Mateus mostra Jesus percorrendo as sinagogas da Palestina, onde ensinava o Evangelho do Reino e operava milagres de cura e libertação. Diz ali que Jesus olhava para as pessoas e as via como um rebanho de ovelhas desgarradas, sem pastor, sem direção. Também diz que apesar do tamanho da plantação ser extremamente grande, os trabalhadores eram muito poucos. Este será o texto-base a ser enfocando neste Estudo.

Na vida espiritual temos muitas experiências com o Senhor, experiências profundas, enriquecedoras, renovadoras, fortalecedoras, que nos solidificam mais e mais na fé. À medida que vamos andando com Ele e recebendo Suas manifestações de amor, vamos crescendo interiormente e a obra vai sendo confirmada dentro de nós. Assim procedendo, vamos entendendo nossas raízes, firmando nossas almas na Palavra de Deus e na pessoa do Salvador Jesus Cristo.

Dentre essas experiências enriquecedoras que podemos destacar a principal delas, que é a experiência gloriosa de podermos conduzir almas até os pés do Senhor Jesus.

O fato de Deus ter usado a nossa vida como ponte de salvação, deve ser motivo de alegria para nós. Estamos fazendo o papel de ponte, por onde um pecador caminhará de encontro à salvação. Através de nós, pessoas passarão a ver o Senhor.

As pessoas estão aí, como cegas, com uma visão distorcida, mas através das nossas vidas, através dos valores plantados em nós por Deus, estaremos passando aqueles valores, repassando a visão de Deus para essas pessoas. As mudança produzidas nessas pessoas nos trarão imensa alegria.

Certa vez, em Rivera, Uruguai, estávamos evangelizando uma senhora muito culta, inteligente, poliglota, esposa de um médico, que atuava como catequista da Igreja Católica. Após um mês de evangelização, ouvimos da própria boca dessa senhora que não entendia como pôde estar tão errada, por tanto tempo, não entendia como pôde ter tido uma visão tão distorcida das coisas espirituais.

Ela parou de ensinar as bases do catolicismo e hoje serve ao Senhor. Havia um abismo entre ela e Deus, e nós fomos a ponte que lhe permitiu alcançar os conhecimentos das coisas de Deus.

No início da nossa fé, a primeira pessoa que conseguimos levar até aos pés de Jesus foi um velhinho, que estava num asilo. É esse tipo de trabalho que toda Igreja deveria agilizar, criando grupos de evangelização, visitando asilos, presídios, hospitais, orfanatos, levando essa Palavra que salva, essa água pura, cristalina, que mata, de maneira completa, a mais profunda sede espiritual que possa haver num coração que não conheça Deus.

Esse velhinho, a quem me referi antes, queixou-se que fazia mais de cinco anos que não recebia visitas de ninguém, seja parentes ou amigos. E lá estava eu, sozinho, sem experiência, me aproximando daquele senhorzinho sentado num banco de jardim, no asilo.

E eu lhe falei de Jesus, e enquanto falava, seus olhos se enchiam de lágrimas e no final ele chorava abundantemente. Quando lhe fiz a clássica pergunta, se queria aceitar Jesus como seu único e suficiente salvador, ele prontamente concordou. Ali mesmo, diante de todos os transeuntes, sem qualquer aparato religioso, nos ajoelhamos. Chorava o velhinho e chorava eu!

Aquele domingo foi um dos mais felizes da minha vida! Naquela noite, no culto, eu não cabia dentro de mim, de tanta felicidade. E essa alegria se repete ainda hoje, a cada vida que consigo levar até Jesus.

Quando você vê os dias passando e não ganha ninguém para Jesus, não leva ninguém à igreja, não dá testemunho de Jesus para ninguém, de algum modo você está regredindo na sua vida espiritual.

Jesus disse que seríamos Suas testemunhas por todos os cantos da Terra. Veja bem que testemunha precisa falar, abri a boca! Não se admite uma testemunha que não fale. O nome “testemunha”, por sinal, significa alguém testemunhando, testificando sobre alguma coisa.

Certa vez o apóstolo Pedro foi ameaçado e amedrontado por autoridades, para que não falasse mais sobre Jesus. Pedro não aceitou a ordem, pois tinha que testemunhar sobre o que tinha visto. Era mais importante para ele obedecer a Deus do que aos homens (Atos 4:16-22).

Pedro via a Igreja Primitiva crescer, havia fogo e ardor evangelístico em cada coração dos crentes que eram acrescentados ao mundo cristão. Nesse mesmo livro da Bíblia, vemos que a Igreja Primitiva crescia, não parava, era pujante, não se estagnava no tempo e no espaço. A cada ano, o número de crentes ia dobrando! Para se ter ideia, num sermão do próprio Pedro, cerca de três mil almas se converteram (Atos 2:37-47), e a seguir, mais cinco mil almas foram acrescentadas. (Atos 4:4)

O livro de Atos dos Apóstolos conta a história do crescimento vertiginoso da Igreja, cujos membros, todos, eram evangelistas atuantes, eficazes, que falavam de amor, que falavam com autoridade. Eles viviam orando, se consagrando, sempre com esse objetivo em mente, voltados para a mesma direção: ganhar almas para o Senhor Jesus.

Ovelha gera ovelha! Assim, cada membro da Igreja deve se reproduzir! Não podemos passar um ano inteiro sem conseguir levar uma alma sequer para Jesus! Se cada membro da Igreja ganhasse uma alma por ano, a cada ano a Igreja dobraria de tamanho! Já pensaram nisso? É uma meta mínima, possível, mas o resultado seria fantástico, sob o ponto de vista de Deus.

Reflita sobre isso: 365 dias para realizar essa façanha. Todos os membros da Igreja jejuando, se consagrando, orando, testemunhando, visitando... Trazer a “sua alma” para igreja! Calcule comigo: Uma Igreja com 200 membros, num espaço de quatro anos passaria a ter um total de 1.600 membros!!!  E o rebanho iria se reproduzindo, e os pastores as iriam alimentando... “Vão por aqui! Vão por ali! Não, por lá, não pode! Cuidado com esse pasto, pois não é bom para você!...  E a obra de Deus aconteceria nos mesmos moldes e números estatísticos da tão falada Igreja Primitiva, que está tão distante do nosso tempo, mas que poderia estar aqui hoje. 

Jesus veio ao nosso auxílio para nos ensinar essa árdua tarefa de evangelizar. Olhando para Jesus, nós vamos aprender como ganhar almas para o Reino Espiritual de Deus.

No texto de Mateus que estamos abordando (Mateus 9:35-38), vemos o “modus operandi” de Jesus em direção da conquista das almas perdidas. Este texto mostra o mover de Jesus, a Sua metodologia ativa, diversificada, e até mesmo criativa, na ação de evangelizar.

É o Espírito de Deus que nos enche e nos leva a fazer todas as coisas segundo a Sua vontade. Porém, o método empregado neste texto ensina aos discípulos da época e a nós, hoje, que não se pode esperar ter-se um cargo, ou que algo aconteça, para que começarmos essa obra. Cada um deve se dispor para o trabalho. Uma alma por ano já é suficiente, para começar. O ideal seria mil almas por ano, mas uma já serve, já provoca um sorriso carinhoso de Jesus.

Você já é salvo, já foi liberto, já conhece o Senhor, sabe que Jesus mandou TODOS pregarem o Evangelho a TODA criatura, então, o que você está esperando para começar? Está esperando que o pastor faça a sua parte, que o seu irmão da Igreja tome a sua frente? Comece logo essa tarefa que lhe pertence, pois você já está atrasado, na parte que lhe toca.

 

II. A ESTRATÉGIA DE JESUS

 

 

E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. Vendo ele as multidões, tinha grande compaixão delas, porque andavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não tem pastor. Então disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas os ceifeiros são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie ceifeiros para a sua seara. (Mateus 9:35-38)

 

A partir de agora procuraremos mostrar algumas iniciativas de Jesus que caracterizam a Sua estratégia, a sua maneira própria de agir. São quatro os pontos primordiais a serem destacados. Vamos a eles.

 

2.1  A volta ao ponto de partida

 

Quando o texto diz que Jesus percorria as sinagogas, dá uma ideia de que andava em círculos, indo e voltando sempre ao ponto de partida. Essa era uma das estratégias do Mestre da Galileia. Esse era o Seu método. Ele sempre voltava para um novo contato e, se preciso, repetia todas as verdades já ensinadas anteriormente. Por isso Jesus foi tão eficiente no trabalho de ganhar almas: Ele tinha uma estratégia bem definida, um princípio básico de operação em direção às almas perdidas do mundo.

A Parábola do Semeador (Marcos 4:1-20) Jesus mostra que a semente, ou seja, a Palavra, pode ser roubada por Satanás, daí a necessidade de se voltar ao ponto da semeadura e regar. Temos que vigiar por ela, proteger e obra iniciada, ver se ainda está ali, se está germinando, se não foi roubada... Temos que voltar sempre.

Era assim que Jesus fazia. Os dois discípulos de Emaús precisavam que Jesus voltasse, pois iam desalentados pelo caminho de volta da casa. Jesus, então, foi em sua direção, levantou-lhes o ânimo e a fé. Jesus não desiste de nós, repetindo sempre, mais e mais as Suas verdades, os Seus gestos. (Lucas 24:13-35)

Aqueles que conhecem o livro Atos dos Apóstolos, podem constatar que Paulo, um dos mais fiéis seguidores de Jesus, seguia Suas pegadas, colocando em prática todos os ensinamentos provenientes do Mestre. Leia a partir do capítulo 13 o histórico das viagens missionárias desse apóstolo e observe como Paulo de Tarso passava pelas localidades e, ao acabar o itinerário estabelecido, retornava pelas mesmas localidades, inclusive por aquelas onde havia sido escorraçado pelos inimigos do Evangelho.

 

2.2  Pregava e ensinava

 

Quando Jesus percorria as sinagogas, Ele costumava fazer duas coisas: ensinava e pregava. Quem evangeliza para ganhar almas, precisa não só pregar, mas ensinar. PREGAR quer dizer testemunhar, proclamar a Salvação, afirmar que Jesus cura, dá a paz, limpa do pecado. Porém, quando você ENSINA, você explica porque Jesus cura, porque Jesus salva. Você tem que estar pronto para ensinar sobre tudo o que pregar. Reforçamos que ENSINAR é abrir a Bíblia para aquele novo convertido, explicar que ela tem 66 livros, mostrar a diferença e a relação entre Antigo e Novo Testamento, etc., os ensinos básicos.

Resumindo, PREGAR é mostrar o caminho a ser trilhado, enquanto que ENSINAR é pegar a pessoa pela mão e conduzi-la por esse caminho.

Pedro, certa vez, disse aos crentes para que estivessem sempre preparados para saberem responder como convém a qualquer um que lhes pedisse explicações sobre a esperança que possuem (I Pedro 3:15)

Existem pessoas nas igrejas que só conhecem o caminho, mas não sabem por que precisam trilhá-lo. Se lhes perguntarem por que creem, essas pessoas correm o risco de não saberem responder, pois não estão aptas para ensinar. Preocupam-se só com a própria salvação.

O objetivo deste Estudo é o despertamento desse tipo de crente, levantar os motivos que fazem com que um crente não frutifique na evangelização, mostrar que o crente deve seguir os passos de Jesus, voltando sempre para regar a semente, até que ela se transforme numa árvore frondosa, com vida própria, capaz de produzir os seus próprios frutos.

Também existe a situação em que visitamos várias vezes uma pessoa, uma família, cuidamos, regamos e nada acontece: reação zero! Nessa hora, temos que ter o equilíbrio de dosar as coisas, partirmos para outras pessoas, outras famílias mais interessadas na Palavra de Deus. Afinal, não somos nós quem convence, mas é obra do Espírito Santo, e Ele age somente quando quer.

Que façamos bom uso do nosso tempo disponível para esse trabalho de evangelização! Podemos continuar com as visitas enquanto houver receptividade por parte das pessoas procuradas, enquanto houve resposta ao estímulo.

Caso você se sinta incapaz de ensinar, siga os passos de Jesus: ore, peça ajuda! Consulte os líderes da Igreja, faça um curso de teologia assistindo aulas, ou por correspondência, pelo menos! Só não aprende quem não quer!

Além desses dois passos que Jesus seguia, ou seja, percorrer as sinagogas, pregar e ensinar, existe um terceiro passo a ser seguido, ou seja, a cura.

 

2.3 Orava por libertação

 

Por onde Jesus passava, Ele nunca dispensava o fator sobrenatural, pois os prodígios sempre aconteciam. A Bíblia diz que o povo se reunia para ouvi-Lo, e Deus dava testemunho da Palavra que Jesus falava através dos sinais que se seguiam, os sinais de maravilha.

O próprio Jesus dizia: “Ide por todo o mundo, pregai, ensinai, fazei discípulos em todas as nações, e estes sinais seguirão aos que crerem. (Marcos 16:15-18 e Mateus 28:18-20)

 

Casamento em Caná da Galileia

 

Pelo que se vai ver adiante, constata-se que essas coisas continuam a acontecer, apesar de alguns afirmarem que esses sinais eram apenas para o período apostólico. Jesus disse que os sinais seguiriam aos que cressem, não restringindo apenas aos apóstolos. Se os sinais seguiriam, eles não parariam, mas continuariam.

A todos aqueles que cressem foi dado o poder em nome de Jesus, para a operação de milagres. Demônios foram sendo expulsos, cegos foram enxergando, paralíticos começaram a andar, enfermos foram curados, tudo em nome de Jesus. Quando você assume a condição de discípulo de Jesus, você vai percorrendo, testificando, pregando e ensinando, e repreendendo doenças e problemas, sempre em nome d’Ele.

Numa ilha da China, um homem achou uma página da Bíblia, exatamente onde está registrado o capítulo 16 de Marcos. Esse homem leu aquele ensino nos versículos 15 e 18, creu e resolveu pôr em prática. Não procurou a ajuda de ministros, nem de conhecimentos bíblicos; ele apenas exercitou a fé. Foi até a casa de um familiar que estava doente há muito tempo, repreendeu a doença em nome “daquele” Jesus da folhinha bíblica, e a doença do parente se foi!

Depois disso, veio outra pessoa e pediu que ele repetisse a façanha com ela. Ele o fez, e Deus iniciou um movimento naquela ilha chinesa, sem missionários, sem pregadores, apenas com uma página arrancada de uma Bíblia.

Sem complicações! O chinesinho apenas pôs em prática o que a Palavra ordenara! Creu e pôs em prática! Não é o cargo que confere poderes para orar e curar os outros; é a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo! É em nome d’Ele que as coisas acontecem. Isso independe dos dons espirituais e dos cargos eclesiásticos. É uma questão de fé!

 

2.4  Vivia o que pregava

 

Não poderíamos terminar esta parte referente à ação de Jesus, sem mencionar uma outra importante característica do Seu ministério, apesar da mesma não ser encontrada em nenhum texto que estamos estudando.

Um dos segredos do sucesso de Jesus, como evangelizador, era a Sua coerência. Ele praticava aquilo que ensinava, vivia cada ensino que pregava. Ele tinha autoridade e o Seu caminhar respaldava Suas palavras, Suas ações eram condizentes com aquilo que dizia. Isto confere poder e autoridade.

É por isso que as pessoas achavam que Jesus falava com autoridade após ouvirem o Sermão da Montanha, nos capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho de Mateus. Ele falava diferente dos fariseus! Sua Palavra incomodava, causava reboliço! Transparecia Seu modo de viver!

 

III.  A MOTIVAÇÃO DE JESUS

 

E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. Vendo ele as multidões, tinha grande compaixão delas, porque andavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não tem pastor. Então disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas os ceifeiros são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie ceifeiros para a sua seara. (Mateus 10:35-38)

 

Passaremos, agora, a estudar o versículo 36 do nosso capítulo 9 de Mateus, que fala da compaixão que Jesus sentia ao ver a multidão, pois pareciam desgarrados e errantes, como ovelhas sem pastor. Tentaremos mostrar várias facetas da motivação de Jesus, ao enfrentar o Seu Ministério.

 

3.1 A visão

 

A primeira coisa a ser percebida aqui é que Jesus teve uma visão: “Vendo ele as multidões, tinha grande compaixão delas”. Ninguém vai se dispor a ganhar almas para Jesus, a visitar hospitais, orfanatos, asilos, presídios, os vizinhos, sem antes ter uma visão das multidões errantes que vagueiam por este mundo.

Quando Jesus teve a visão correta, Ele teve o sentimento adequado. A visão que Jesus teve (as ovelhas sem pastor) não foi uma visão carnal, mas uma visão espiritual.

Se você der uma olhada para o mundo atual, você verá a história se repetindo, talvez até em maior intensidade do que na época de Jesus. Porém, se você não tem essa visão, fica sem motivação espiritual. Então, peça, antes de tudo, que Deus lhe dê essa visão.

Hoje mesmo, um Irmão me disse que foi acordado por Deus e teve uma visão do Brasil, não uma visão da situação econômica, mas da situação espiritual do país, da carência espiritual que está vivendo. E contou ele que orou por bom tempo para que Deus salvasse as pessoas que aqui moram. Isso é uma visão espiritual e não política, social ou econômica.

Essa visão do Irmão foi a mesma que Jesus teve no versículo 36, minha gente! Não precisamos de muita espiritualidade para poder enxergar os descaminhos, a desordem, o caos, a grande agonia que aflige as almas por aí afora.

Veremos, espiritualmente, pessoas presas, aprisionadas a horóscopos, que não saem de casa sem consultar os “astros”. Confirma-se aquilo que dizia o apóstolo Paulo, de que haveria um tempo de inversão, onde as pessoas adorariam às criaturas ao invés de adorar ao Criador. Deus criou os astros! São ovelhas perdidas pelo mundo criado por Deus.

Foi essa imagem que Jesus viu, marchando em Sua direção, e Jesus teve compaixão. Num bando de ovelhas sem pastor, cada uma toma o seu caminho, uma direção diferente. Jesus é o Supremo Pastor. Ou as ovelhas deixam-se guiar por Ele ou transformam-se numa multidão desgarrada!

Ao analisar essas pessoas, vemos que são religiosas: são católicas, mas vão a centros espíritas; são espíritas, mas consultam os astros. Pessoas sem firmeza, sem certeza do que estão seguindo! São essas pessoas presas pela religião, pelo misticismo, pelo fanatismo, acorrentadas a sentimentos negativos que devem merecer nosso quebrantamento.

Existem pessoas que estão amedrontadas, receosas de dormir e morrer durante a noite; tem medo de escuro, enfim, são aprisionadas pelos espíritos malignos que mantêm as almas em prisão permanente.

A pergunta é: você tem tido essa visão? Se você não tem tido, não é de se estranhar que você custe a dar um testemunho para as pessoas necessitadas! Temos dificuldade de nos acostumar com as coisas, de achar que “as coisas são assim mesmo”, que “está escrito”, que é “sinal dos tempos”, e assim por diante. Cai-se, então, no fatalismo, na acomodação, e nada mais se faz!

Diz o apóstolo Pedro em sua carta, pelo Espírito Santo: “Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido a fim de anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pedro 2:9).  Deus não nos chamaria para que ficássemos calados, inertes!

Na época de Jesus, as cidades eram verdadeiras fortalezas muradas, com portões de entrada num lado e saída no outro. Acontecia que Jesus entrava por uma porta com Seus 12 apóstolos e saía na outra com toda a população atrás d’Ele.

Jesus tinha visão missionária: Ele orava por um, pregava para outro, ensinava a outro, aconselhava a outro, e a luz aparecia, a glória se manifestava!  Sua sombra curava, as portas se abriam, causava reboliço! O paralítico andou, o cego enxergou, a pecadora foi salva, os curiosos iam vindo, as multidões se acotovelavam... Jesus transpirava Deus! Ele vivia na luz! Ele se quebrantava!

 

3.2  A compaixão

 

A Bíblia diz que Deus está sempre perto daqueles de coração quebrantado, daqueles que se comovem, que amam, que se dispõem a levar uma palavra de ânimo aos que estão necessitados.

Não há coisa pior do que você ser um pregador de olhos secos, vazios de emoção; pior ainda é você chegar-se a uma pessoa amarrada pelo diabo e não conseguir se comover! Não há sentimento interior, apenas aquela oração fria, mecânica... Temos que pedir ao Senhor a sensibilidade espiritual, que Ele entre em nossas vidas, que faça uma obra dentro de nós, que aprendamos a chorar, que tenhamos amor pelas almas.

Algumas pessoas pensam que, ao se tornarem crentes, tornam-se múmias estratificadas, congeladas. Nada disso! Crente tem que chorar, tem que sentir as emoções à flor da pele, controladas pelo Espírito Santo! Crente chora! Crente não é super-homem, com olhar impassível, gélido, ritos fisionômicos estáticos, como se não tivesse sangue correndo em suas veias!

Compaixão é um subproduto do amor de Deus, é aquilo que o amor de Deus cria dentro de nós. Observe quer toda operação de milagres de Jesus é antecedida por uma demonstração do Seu sentimento interior. Tomando por exemplo o milagre da multiplicação, vemos que foi motivado pela compaixão que Jesus teve por aquela multidão cansada, faminta, distante de suas casas. O Mestre foi movido pela visão espiritual, que O levou a se compadecer. (Marcos 8:2,3)

Outro exemplo de compaixão de Jesus foi no episódio da morte do Seu amigo Lázaro. Apesar de Lhe ter sido revelado por Deus que Lázaro seria ressuscitado, Jesus não se conteve diante do sofrimento das irmãs dele e dos amigos, e chorou! (João 11:33) Jesus tinha sentimentos! Ele se envolvia com os outros!

Uma vez observei um moço numa igreja, senti sua tristeza, e após a pregação fui até ele, abracei-o e, movido pelo Espírito, dei-lhe um beijo no rosto. O rapaz não era crente, não havia sido tocado pela pregação, que foi muito boa, diga-se de passagem. Mas ele foi tocado pelo meu gesto! Ele não entendia que um homem desconhecido viesse a lhe dar um abraço e um beijo, aparentemente sem razão alguma.

O moço declarou, mais tarde, que não imaginava ainda existir coisas assim neste mundo. Eu fui sensível ao Espírito Santo, fui movido a fazer aquilo, e fiz! Não me deixei refrear por machismos idiotas. Afinal, um homem pode chorar, pode abraçar e também pode beijar! São sentimentos de amabilidade e de compaixão.

Precisamos aprender a viver como Cristo, e não como ensina essa cultura esdrúxula que está por aí a ditar normas.  O tal moço se converteu pelo fluir da emocionalidade controlada pelo Espírito, que também é uma forma de pregação. O gelo foi derretido, pois quando o amor de Deus sai de dentro de nós, ele sai fazendo coisas fantásticas, sai salvando pessoas.

A motivação dos fariseus ao orarem em praça pública era, sem dúvidas, quererem parecer “bonzinhos” diante dos homens (Mateus 6:5). Eles buscavam admiração por parte das pessoas que passavam por ali, dando esmolas com o objetivo de serem vistos e admirados. Quantas pessoas, hoje ainda, oram com a finalidade de serem vistas pelos outros, ajudam com o objetivo de serem observadas, valorizadas, tentando atrair notoriedade e fama para si mesmos. 

Embora o mundo aplauda esse tipo de motivação, Deus reprova! Veja o que Jesus disse no texto citado acima: “Eles já receberam a sua recompensa.” Aqueles hipócritas queriam aplausos populares e já os tiveram; queriam admiração mundana e também as receberam.

Nós, não! Devemos ter outro tipo de motivação para orarmos ou para jejuarmos. Essa motivação precisa ser correta, ou Deus não se agradará. Não toqueis trombetas como os fariseus! Esses hipócritas, quando queriam dar esmolas, procuravam as praças, tiravam a trombeta da bolsa e davam um brado, de modo que todos os transeuntes parassem, tivessem sua atenção atraída para aquele ruído, e assistissem àquilo que o fariseu gostaria que fosse assistido por todos. Quando todos os olhos estivessem nele, tirava a mão do seu bolso e dizia: “Aqui está uma esmola para você, outra para você, para você também...” 

E o povo saía admirado da generosidade daquele homem, do quanto ele era “bonzinho”. Mas leia o que Jesus arremata seu comentário sobre essa s demonstrações de “generosidade”, no final desse mesmo texto de Mateus 6:5 que mostramos anteriormente: Jesus disse categoricamente que se o fariseu pretendia ter aquela bajulação pública, já a conseguira. Não poderia querer esperar mais nada por aquela ação praticada, pois já recebera tudo o que pretendera. 

A motivação errada faz com que nosso trabalho seja reprovado por Deus. Ele não vai aceitar o que você faz sem a motivação correta. É a Bíblia quem está dizendo isso! Trabalhe por amor a Deus, ajude movido pela compaixão, e não pela busca de admiração popular!

Nesse versículo 36 que estamos estudando, vemos que Jesus pregava porque se compadecia, orava porque se compadecia, curava porque se compadecia. Ele era um homem de compaixão. Seu coração era cheio do amor de Deus e o amor de Deus produzia n’Ele essa compaixão, motivado por esse sentimento maior, que é o amor de Deus no coração.

Rememorando o que já foi dito até, aqui, vemos no versículo 35 que Ele percorria as cidades, ensinava nas sinagogas, pregava o Evangelho do Reino e curava todas as enfermidades e moléstias entre o povo. Toda essa ação de Jesus era motivada pelo Seu sentimento interior correto (versículo 36), ou seja: “Vendo a multidão, teve grande compaixão, porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas que não tinham pastor.’

Em Seu espírito, Ele se agitava de amor, de compaixão, de sentimento, de piedade por aquelas vidas. Veja bem: motivado por esse sentimento interior, Ele se colocava a caminho e marchava em direção das ovelhas perdidas e errantes.

A motivação estava correta, por isso Seu trabalho foi frutificando; por isso Ele foi sendo vitorioso nas Suas andanças e nas Suas viagens missionárias; por isso Ele trazia o fruto em Suas mãos: Ele estava sendo motivado da maneira correta.

Embora alguém se convença e diga que vai passar a proceder dessa maneira, puramente por obediência, não alcançaria sucesso algum, pois estaria lhe faltando o espírito de evangelização, a essência da evangelização. Pode ser que sobre em nós a disposição para obedecer, mas falte o amor de Deus para ganhar almas.

Tudo o que você fizer para Deus, faça para Ele, mesmo! Que não seja só em palavras, nem com o coração distante. Jesus chamou nossa atenção para isso, nos Evangelhos! A Bíblia diz que aquilo que agrada aos homens, dificilmente agradará a Deus. Temos que trabalhar com a motivação correta, ou nosso trabalho não será aprovado por Deus.

 

3.3  A imparcialidade

 

O início do versículo 36 diz: “...quando Jesus viu a multidão...”  O texto não fala que Jesus viu um grupo específico, ou pessoas em especial. A visão de Jesus era global, abrangente, indiscriminada.

Explicando melhor, há pessoas que na área da evangelização só conseguem ver uma parte reduzida da multidão carente. Foi por essa visão global, que Jesus, no capítulo 37 disse que a seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros. No versículo 38, Ele responsabiliza os discípulos, dizendo: “Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.”

 

3.4  A descentralização

 

Por este texto, Irmãos, vemos a falta de egoísmo em Jesus, uma vez que Ele não centraliza todas as coisas em Suas mãos. O pior defeito que pode haver numa pessoa que trabalha para Deus, é esse desejo de centralizar todas as coisas em suas mãos. Tudo tem que passar pelo seu crivo, pelo seu juízo, senão ele se revolta, cria atritos, etc.

Nós sabemos que Jesus não tinha esse espírito. Ele acha que há lugar para todos nessa obra de evangelização. Jesus não é tolo como muitos de nós, pois tem uma visão ampla, não vendo apenas um espaço reduzido, sabendo que nem Ele mesmo, sozinho, poderia dar cabo dessa obra gigantesca de evangelização.

Todo sábio sabe que quanto mais pessoas, mais fácil se tornará a obra de evangelização. Que grande homem era o Nosso Senhor Jesus Cristo! Não havia n’Ele ambição, nem orgulho, nem esse espírito ditatorial e centralizador. Ele abre espaço para todos aqueles que quiserem entrar nessa tarefa maravilhosa e levar almas até aos pés de Deus.

 

3.5  A oração

 

Essa obra, segundo o versículo 38, não dispensa a oração. Precisamos orar para que o diabo seja repreendido, para que a incredulidade seja amolecida, para que quando começarmos a falar, o orgulho desapareça e os espíritos maus se rendam aos pés de Jesus. Precisamos orar para que apareçam exércitos de trabalhadores, orar para que Deus unja, que capacite um exército de ceifeiros, para ceifar nessa grande seara dos céus.

Temos que orar para que Deus nos capacite a começar essa obra de evangelização. A tarefa é para a Igreja, e não apenas para o pastor e para os presbíteros. A tarefa é para todos aqueles que creem. Para todos aqueles que foram salvos da condenação do inferno.

Não durma, desperte para essa responsabilidade que você tem, a responsabilidade de falar para os outros o que Jesus fez na Sua vida e dar testemunho para os outros daquilo que Deus realizou no seu coração.

 

3.6  A pureza do caráter

 

Tem pessoas que tem uma visão distorcida de evangelização. Alguns tentam ganhar almas para a sua denominação, outros tentam ganhar almas para si mesmos (João 4:19). Geralmente são pessoas que não se sujeitam às suas lideranças, dentro da Igreja. E tanto é assim, que ao surgir o primeiro desentendimento, já querem ir embora, levando consigo as almas que conquistaram para si, e não para Jesus. Conquistaram para eles mesmos! Se não fosse assim, iriam embora sozinhas e as almas conquistadas continuariam naquela Igreja.

Não podemos ter essa visão diminuta, inferior! Não estamos ganhando almas para a nossa denominação, porque lá no céu não vai haver placas de separação entre grupos. Para o céu vão subir os que são remidos pelo sangue do Cordeiro, os que com honestidade serviram a Deus aqui neste mundo. A placa é só uma exigência civil, uma exigência legal.

 

Temos visto folhetos evangelísticos por aí, que dizem o seguinte no carimbo: “Procure a Igreja tal mais próxima de sua casa.” Isso é cegueira total! Estão ganhando almas para sua denominação, apenas! Deveria estar escrito assim: Procure uma Igreja Evangélica que sirva a Deus e ame a Bíblia, onde Cristo seja honrado e glorificado acima de todas as coisas, e procure seguir a Deus ali.”

Uma das coisas mais fáceis que existe é a manipulação das almas, daquelas pessoas que conhecem tão pouco de Jesus, que estão começando a experimentar a alegria da Salvação, aquele poder, pessoas que ainda estão débeis, dando os primeiros passos, os primeiros contatos com o Espírito de Deus. A mente delas está totalmente receptiva para tudo aquilo que vier das pessoas em quem confiam.

Que Deus tenha misericórdia de nós, pois um dia teremos que dar conta disso. No livro de Judas existem alguns versículos que falam a respeito desses obreiros, desses falsos obreiros. Diz lá que engordam-se a si mesmos, evangelizam almas para poder dominá-las, manipulá-las (Judas 11-19). Não raro, estão em busca de favores financeiros. Manipulam crianças espirituais, criaturas inocentes na fé, a seu bel prazer.

Esse texto aqui mostra como Jesus caminha, como Jesus anda: ganha almas porque as ama, porque tem uma visão espiritual ampla. E chama outras pessoas para lhe ajudar na tarefa.

Quantos estão brigando por aí por campos de evangelização! Quem dera que a cada esquina houvesse uma porta aberta para auxiliar na evangelização! Quanto mais pessoas pregando o Evangelho, melhor!  Já vimos pessoas brigando para saber quem foi que orou por determinada cura, ou quem falou pela primeira vez de Jesus para um novo convertido. Que importa quem orou, quem falou... O que importa é que a alma foi salva das garras de Satanás, foi curada, e que Cristo foi glorificado.

Quem somos nós? Certa vez o apóstolo Paulo criticou a Igreja de Corinto porque uns diziam seguir a ele, outros a Pedro, outros a Apolo... (I Coríntios 3). Estavam divididos! E quem eram esses? Eram simplesmente instrumentos nas mãos de Deus! É Deus quem dá o crescimento, e ao homem não tem glória nenhuma nisso!!!

Esse negócio de requerer para si o crédito ou a glória na conquista das almas, é fruto de mente diminuta, farisaica, mente de quem não consegue enxergar a importância da obra de evangelização. Que todos nós possamos entender que se não for o Espírito Santo de Deus, nenhum de nós faz nada! O Espírito de Deus é quem amolece os corações, toca as almas; nada acontece sem a Sua interferência.

Vale a pena mencionar aqui o que Paulo disse à Igreja de Corinto: “Temos esse tesouro em vaso de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (II Coríntios 4:7). Que fique claro que somos apenas instrumentos nas mãos de Deus. O poder é d’Ele! É Ele quem dá o crescimento, e não nós!

Que possamos ter essa motivação, que possamos nos dar as mãos nessa obra de evangelização. A seara é grande. Peçamos a Deus que mande ceifeiros para essa obra. Que o Senhor nos ajude, nos levante, nos dê a visão correta e que possamos, de mãos dadas, ganhar almas para Jesus, porque o tempo é chegado, Jesus está vido e não podemos perder o nosso tempo com mediocridades. Temos que ganhar almas!”

 

IV. A CONFRONTAÇÃO DAS ALMAS

 

Havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este foi ter de noite com Jesus, e disse: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus. Pois ninguém poderia fazer estes sinais miraculosos que tu fazes, se Deus não fosse com ele. Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Poderá voltar ao ventre de sua mãe, e nascer? E Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne, é carne, mas o que é nascido do Espírito, é espírito. Não te maravilhes de eu te dizer :Necessário te é nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito. Nicodemos perguntou: Como pode ser isso?  Jesus respondeu: Tu és mestre em Israel, e não compreendes estas coisas? (João 3:1-10)

Quando os fariseus ouviram o que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João, se bem que Jesus não batizava, e, sim, os seus discípulos, ele deixou a Judeia, e voltou outra vez para a Galileia. E era-lhe necessário passar por Samaria. Chegou a uma cidade samaritana chamada Sicar, perto das terras que Jacó dera a seu filho José. Estava ali a fonte de Jacó, e Jesus, cansado da viagem, assentou-se junto à fonte. Era quase a hora sexta. Vindo uma mulher samaritana tirar água, Jesus lhe disse: Dá-me de beber. (Seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.) Disse-lhe a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Pois os judeus não se davam com os samaritanos)  Respondeu-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus, e quem é o que te pede: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que tirá-la, e o poço é fundo. Onde tens a água viva?  És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele próprio bebeu e, bem assim, os seus filhos e o seu gado? Respondeu Jesus: Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Deveras, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna. (João 4:1-14)

Até aqui nos limitamos a estudar o texto Mateus 9:35-38, mostrando teoricamente o mover de Jesus em direção às almas perdidas, e o Seu modo de evangelizar. Jesus é um modelo para nós, como ganhador de almas, provando com Sua vida o modo eficaz de se conduzir almas para o Reino. 

Agora, passaremos a ver, na prática, Jesus confrontando essas almas com o Evangelho do Reino, aprofundando o que estudamos até este momento.

Baseados nos textos acima do Evangelho de João, tentaremos confrontar dois encontros de Jesus com duas pessoas carentes e necessitadas, e de níveis culturais completamente diferentes: Nicodemos, uma autoridade entre os judeus, e aquela mulher de Sicar, uma mulher simples, do povo. São duas passagens bastante conhecidas e importantes.

 

4.1 Objetividade

 

Quando Jesus confrontava alguém, Ele o fazia com objetividade. Nós, temos muitas vezes o costume de falar e não dizer nada. Ficamos como que cercando o objeto a ser atacado, ficamos como que gato rodeando um rato, estudando como fazer para pegá-lo, mas não nos decidimos como começar.

Com isso queremos dizer que muitas vezes estamos tentando evangelizar uma pessoa, cercamos, cercamos, e não tratamos especificamente do assunto.

Se lermos atentamente o texto da mulher samaritana, notamos que Jesus teve uma palavra objetiva para ela, o mesmo não acontecendo na situação de Nicodemos. Jesus, ali, vai direto ao assunto, direto à questão. Em João 3 Jesus confrontou Nicodemos de maneira veemente. Quando usou de metáforas para explicar a Salvação, Nicodemos não entendeu: pensou precisar ter que nascer de novo do ventre de sua mãe! Jesus praticamente ironizou o fato de Nicodemos, um mestre de Israel, não ter entendido essa coisa toda.

Jesus atingiu fundo, foi direto, não usou de preâmbulos. Ele procura saber das coisas para usá-las objetivamente! Sabia, por exemplo, que Nicodemos era mestre, doutor na Lei. 

Observe que segundo lemos em João 3:2, Nicodemos procurou Jesus à noite, e de imediato passou a cobri-Lo de elogios rasgados. Siga com atenção essa linha de raciocínio! Mas, no versículo 3, Jesus corta abruptamente aquela sequência de bajulações, como que dispensando esse tipo de coisa, indo direto ao assunto, ou seja, que Nicodemos não veria o Reino de Deus se não nascesse de novo.

Pare um pouco para pensar no que aconteceu! Se fosse eu no lugar de Jesus, agradeceria efusivamente aqueles elogios: “Oh, muito obrigado! Você é muito gentil! Finalmente os judeus estão começando a reconhecer que eu tenho a graça de Deus na minha vida! Pena que esses fariseus aí não tenham entendido isso, ainda.”

Se você está acompanhando o que estamos querendo dizer, isso seria uma perda imensa de tempo e, como sabemos, Jesus não costuma perder tempo com besteiras. Ele tinha objetividade no Seu modo de agir. Era direto!

Jesus logo percebeu que aqueles elogios de Nicodemos eram coisa de políticos, que fora a forma encontrada por ele para entabular uma conversa com Jesus. Por isso Jesus a cortou no início. A única coisa que preocupava Jesus ali era que Nicodemos era um homem ligado a problemas teológicos e com a vida eterna, um conhecedor das Escrituras, mas que precisava nascer de novo. Jesus, então, foi direto ao assunto.

 

4.2  Abordagem diversificada

 

Agora, se deixarmos um pouco de lado o encontro de Jesus com Nicodemos e nos encaminharmos para o encontro com a mulher samaritana, veremos que a conversa teve uma origem diferente. A mulher não olha para Jesus, ao contrário de Nicodemos, que O procurou e sabia que n’Ele encontraria respostas para as suas dúvidas. Mas a samaritana, não! Ela não estava procurando por Jesus, não olhou para Ele, e talvez nem tenha notado, a princípio, que Ele estava ali, sentado junto ao poço. Ela não O conhecia. Situações bem diferentes.

Conheci uma vez, em São Paulo, duas moças crentes cujo pai nem queria saber de conversas com crentes. Ele costumava fugir por outra parte da casa quando alguém da igreja ia visitar suas filhas. Mas esse homem tinha um ponto fraco: gostava demasiadamente de animais domésticos, os quais ele considerava como a maior bênção de Deus para o mundo. Numa visita que fiz lá, foi comigo um companheiro de ministério (Pr. Rubens), e ele observou que o pai das moças estava distraidamente cuidando de galinhas, num cercadinho de fundos, que não tinha saída, pelo outro lado, caso o homem quisesse escapar.

Aproveitando essa situação, o Pastor Rubens logo abordou sabiamente o homem, entabulando uma conversa a respeito de galinhas, contando da criação de galinhas da avó dele, e logo conquistou a simpatia daquele homem. Falou uma hora sobre bichos de criação em geral e acabou a conversa falando sobre o “Cordeiro” de Deus. Era uma abordagem adequada à situação, e o homem a aceitou bem, diga-se de passagem. Resumindo a história, o homem se converteu e hoje serve também ao Senhor. O que aconteceu foi uma evangelização sábia, seguindo os passos e os ensinamentos deixados pelo Mestre Jesus.

Voltando à mulher samaritana, vemos Jesus sentado à beira do poço, a mulher se aproximando para encher seus vasilhames com água. Logicamente, assim que viu Jesus, ela percebeu, pelas roupas, que aquele homem ali sentado era um judeu, e por esse motivo não lhe dirigiu o olhar, nem procurou conversa com Ele. É bom que se diga que havia uma rixa entre os povos judeu e samaritano, separados por preconceitos religiosos. Ela nem sequer O cumprimentou.

Jesus, então, começa a conversa, só que de maneira bem diferente daquela como começou com Nicodemos. A situação era outra, a pessoa era outra, e a circunstância era outra. Jesus tem a palavra e a atitude específica para cada pessoa com quem Ele trata.

Procure imaginar Jesus falando para Nicodemos sobre “água da vida”, ou pior ainda, iniciar uma conversa com a retraída e simplória samaritana sobre “nascer de novo”! Nem um, nem outro entenderiam nada!  “Água da vida” era a palavra que a mulher samaritana entenderia, dentro de suas ocupações diárias, e “novo nascimento”, “nascer de novo” é algo que a mente teológica de Nicodemos aceitaria dialogar.

Muitas pessoas gostam de evangelizar usando sempre o mesmo discurso, o mesmo assunto para todas as abordagens. Não foi isso que Jesus nos ensinou aqui! Ele tem uma palavra específica e objetiva para cada pessoa e para cada situação.

Observe com mais atenção esse cenário: a mulher samaritana vem com um cântaro buscar água para a sua casa, de modo a saciar a sua sede física, satisfazer às necessidades do seu organismo. Jesus, oportunamente, pede-lhe água para beber — Tratou do assunto que ela conhecia, que era ligado a ela. Veja que Ele não disse “Bom dia!” ou “Boa tarde!”. Ele é sábio! Ele fala o que a outra pessoa consegue entender e aceitar. É por isso que a palavra adequada para a mulher samaritana só poderia ser “água viva”, enquanto que a palavra adequada para Nicodemos deveria ser “novo nascimento”. Jesus não inverteu! Usou a abordagem correta para cada momento.

Jesus tinha essa faculdade de confrontar as pessoas com coisas que lhes dissessem respeito. Se pensarmos um pouco, vamos lembrar que um médico não dá o mesmo tipo de remédio para todas as doenças, mas o remédio específico para cada tipo de caso. Para algumas pessoas, devemos falar de Cristo como um “Cordeiro”, mas para outras deverá ser como um “Rei”, para outras como um “Amigo”, para outras ainda como um “Advogado”, etc.

Se você for tratar com um advogado, procure usar expressões ligadas à área do Direito, da Justiça; se você falar com uma empregada doméstica, use palavras concernentes a atividades domésticas diárias, como cozinha, armário, coador, panela, coisas que sejam familiares a ela.

 

4.3  Sensibilidade

 

Jesus é criativo, pois Ele se deixa conduzir pelo Espírito Santo. Quando você tiver que evangelizar uma pessoa, ore a Deus, peça a companhia do Espírito Santo, e Deus vai lhe ajudar, vai lhe mostrar qual a melhor palavra para aquela pessoa. Tenha conhecimento, mas peça que o Espírito lhe dê a palavra.

Se você acompanhar outra pessoa numa dessas visitas e não se achar em condições para falar, não fale! Fique orando em espírito pelo irmão que está fazendo o trabalho. Fique repreendendo as trevas, e seu trabalho também será de grande valia.

Tem pessoas no nosso meio que se preocupam só em meter textos na cabeça, e quando chega, passa a recitar uma enxurrada de versículos, deixando a pessoa toda enrolada. Assim, tenha criatividade, espiritualidade, procure o Espírito, procure conhecer a pessoa que estará sendo evangelizada.

 

4.4  Saber-ouvir

 

Existe uma outra coisa importante a ser observada, nessas visitas de evangelização, que é dar oportunidade para a pessoa visitada falar, perguntar, e assim por diante. Inclusive, há um ensino em Tiago 1:19 que diz que devemos estar prontos para ouvir e tardios para falar. 

A maior qualidade de um obreiro, uma pessoa que fala, não é a sua facilidade em se expressar, mas a sua humildade em ouvir. Ouvindo as pessoas, analisando o que elas dizem nos dará uma visão aberta daquilo ela é, que ela pensa.

Diz um ditado popular que “a boca fala daquilo que o coração está cheio”. Assim, se você não deixar as pessoas falarem, como você conhecerá os pontos de vista dessas pessoas? Um outro ditado diz que “temos dois ouvidos e apenas uma boca, e que devemos usá-los nessa proporção.”  Assim, discipline seu ouvido para ouvir!

 

V.  COMUNICAÇÃO

 

Naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios que aqueles realizavam. Respondeu-lhes Jesus: Pensai vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? Não, vos digo! Antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. Ou aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, pensais que foram mais culpados do que os outros habitantes de Jerusalém? Não, vos digo! Antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. (Lucas 13:1-5).

 

5.1 Atualização

 

Para que haja uma boa comunicação, é necessário que o aparelho transmissor não esteja alienado, não se encontre avariado, pois isso prejudicará o processo. Pelo texto vemos que Jesus era um homem atento aos acontecimentos do Seu tempo. Podem ter certeza De que se Jesus vivesse hoje, e alguém lhe pagasse uma assinatura do “Diário Catarinense”, na hora do café da manhã vocês o surpreenderiam se inteirando das novidades do mundo. Ele não era alienado, mas sempre atento aos acontecimentos do Seu tempo.

No nosso texto acima, quando questionaram Jesus sobre a morte de alguns galileus, por Pilatos, Jesus cita outro acontecimento daqueles dias que justificava aquelas mortes como merecidas. Jesus não tem a falsa espiritualidade dos crentes que não leem jornal, não veem televisão, etc.

Se você não estiver atento aos acontecimentos dos seus dias, você perderá oportunidades de evangelizar pessoas incrédulas, que estão saturadas dessas informações do cotidiano. Voltando ao texto acima, lá vem eles com aquelas perguntas de incrédulos: “Se Deus é tão bom, por que houve aquele terremoto lá?” Como você vai se defender, se desconhece o noticiário sobre tal catástrofe, e desconhece que ela foi causada por problemas ecológicos criados pelo próprio homem e não por Deus?!?  Você tem a obrigação de saber das coisas! Isso faz parte da vida do crente!

Conhecemos pessoas que depois da conversão parecem ter deixado de viver neste mundo! Não pode ser assim! Nós ainda estamos neste mundo! Jesus, na oração sacerdotal, diz: “Senhor, não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal.” (João 17:15)

Não podemos aparentar ignorância, alienação. Além de ser uma visão pouco adequada para um crente, nos dificultará na evangelização, no nosso contato com os incrédulos. Espiritualmente, devemos viver no céu, mas nosso corpo está vivendo aqui! Vivemos numa comunidade, precisamos participar das coisas, não para pecar, mas para nos alicerçar, para termos bagagem, estrutura, pra que quando formos evangelizar, dar testemunho de Jesus, as pessoas possam entender que estamos no mesmo mundo que elas, mas vivendo num padrão espiritual bem superior.

 

5.2  Linguagem adequada

 

Outro sério problema de comunicação é o linguajar usado pelos evangélicos, os chavões que ao longo do tempo vamos assimilando. É o que muitos chamam de “Evangeliquês”, a língua que só os crentes entendem.

Veja o que costuma acontecer: chegamos a um incrédulo que nunca abriu uma Bíblia na vida, começamos a falar em “concupiscência”, “sarça ardente”, “esmiuçar a penha”, dizer que nós somos “um vaso de barro” e que o nosso futuro é “ir para Canaã”... Nossos amigos não vão entender nada, e ainda vão dizer: “É, esses crentes são todos uns malucos!” São termos bíblicos, que se vai adquirindo com o tempo, e não conseguiremos nos comunicar com os incrédulos com esses termos. Então, cuidado! Policie-se!

 

5.3 Sabedoria

 

Nós não podemos precipitar as coisas; precisamos ter sabedoria para dizer certas coisas nas horas certas. Não tropece nos acontecimentos! Existe um pastor em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, que iniciou um trabalho sozinho, numa aldeia distante do centro da cidade, onde uma família cedeu um barracão para a realização dos cultos.

No dia da realização do primeiro culto, que ele foi lá, o pastor chegou ao local e percebeu que o chão estava bem varrido, apesar de ser de terra-batida, uma mesa com uma toalha bem branquinha para o ministrante, e outra mesa cheia de “santinhos” e “santinhas”, que pela quantidade, deviam ter sido angariados pela vizinhança toda.

Sabiamente, o pastor não disse nada, iniciou o culto e depois ministrou a Palavra. Depois disso, esteve ali e pregou por vários sábados, até que um dia aconteceu uma novidade: uma mulher caiu no chão, endemoninhada, fazendo um salseiro naquele lugar. Era a oportunidade que o pastor estava esperando desde o primeiro dia. Habilmente, ele explicou aos presentes que ia pedir a cada “santinho”, em cima da mesa, que libertasse a mulher, para que ela se levantasse. 

Naturalmente, nada aconteceu enquanto o pastor ordenava para a mulher se levantar “Em nome de São Sebastião!”, depois “Em nome de Santa Edvirges!”, depois “Em nome de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro!” e assim por diante. A mulher só se levantou e foi liberta após a menção do “Em nome de Jesus!”

O pastor, então, explicou àquele povo simples, com a Bíblia aberta, o que estava acontecendo, mostrou, comprovou a inoperância dos “santinhos” e “santinhas”, mas arrematou tudo mostrando o poder de Jesus, que está acima de tudo e de todos. Todos se converteram naquele lugar!

Se fosse eu, no primeiro dia que visse aquele ambiente, o que teria feito? Dava um chute no pé daquela mesa, e ia voar santo pra todo lado! Ia declarar que tudo aquilo era santo de barro, que nada daquilo prestava para nada, iria citar Isaías, iria fazer um “salseiro”!  

Mas, assim fazendo, ninguém se converteria! Eu voltaria para São Gabriel dizendo que fiz tudo conforme estava escrito na Bíblia, que arrebentei, etc., mas que não ganhara nenhuma daquelas almas!

A sabedoria estaria ausente. É normal obreiros chegarem pela primeira numa casa e já começarem a criticar os “santos” na parede! As pessoas estão cegas, precisam de libertação, mas não vão perceber tudo de uma só vez, no primeiro dia! Depois que acontecer conversões é que vamos nos preocupar com os “santinhos”, com as procissões e outros costumes que se criaram por aí. Primeiro levamos Jesus, o poder de Deus que liberta, e só depois de abertos os olhos é que partiremos para os ensinos à luz da Bíblia.

 

VI. IDENTIFICAÇÃO

 

Portanto, se há algum conforto em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguns entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que tenhais o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade. Cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai. De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também efetuai a vossa salvação com temor e tremor, pois Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade. Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas, para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo, retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão. E ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós. E vós também regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo. (Filipenses 2:1-18)

Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido o que João dissera e o havia seguido. A primeira coisa que André fez foi achar a seu irmão Simão, e dizer-lhe: Achamos o Messias (que quer dizer Cristo). E levou-o a Jesus. Olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de João. Tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro). No dia seguinte Jesus resolveu ir para a Galileia. Encontrando a Filipe, disse-lhe: Segue-me. Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Filipe encontrou Natanael, e disse: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. (João 1:40-45)

Após a leitura desses dois trechos do Novo Testamento, vemos primeiramente o processo descendente a que Jesus se submeteu, a fim de que pudesse vir a este mundo e identificar-se com cada um de nós.

Ali mesmo, no primeiro capítulo do Evangelho de João vemos que “O verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória de unigênito do Pai.”  A encarnação do Verbo é um dos pilares da Igreja, é uma das doutrinas mais importantes da nossa fé cristã: Cristo se fez homem; Deus se fez carne.

Repousando-nos nos versos 7 e 8 de Filipenses, que estamos considerando, veremos o processo da encarnação de Jesus, aniquilando-se, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens, humilhando-se e obedecendo até à morte de cruz.

Temos dito que é olhando para Jesus que estaremos nos aproximando das pessoas que nos cercam, com possibilidade de levá-las ao conhecimento das coisas de Deus. Jesus, sendo Filho de Deus, assumiu a forma de homem, a fim de que pudesse ficar no mesmo nível dos homens, e assim poder alcançá-los para Deus. Ele se preocupava em se identificar com os outros, foi um homem como nós. Inclusive, escolheu nascer de uma família pobre, que naquela época constituía a maioria da população da Palestina. Ele queria nascer como a maioria, queria ser igual, para que não houvesse nenhum obstáculo para a comunicação do Evangelho que pregaria.

Até nesse detalhe vemos a sabedoria de Deus, a inexistência de barreiras que impedissem o fluir do Evangelho. Os homens poderiam acompanhar a mensagem que Ele estava trazendo, de forma desimpedida, e finalmente ter comunhão com Deus, que era o propósito primordial de Jesus.

Está escrito, para nosso ensino que ,na Sua opção, Jesus escolheu nascer de uma família pobre, residente num lugar onde aparentemente não havia ninguém ilustre. Observe que Ele não optou por nascer de uma família rica, residente em Jerusalém! Ele pretendia nascer e crescer ao lado da maioria da população, ao lado dos humildes.

Não estamos com isso dizendo que Ele só queria atingir aos pobres, pois Ele atingiu também aos ricos, como Nicodemos, Zaqueu, José de Arimateia, o centurião romano, etc. Porém, Sua preocupação era com a maioria, com a massa.

Pelo fato de Jesus ser um homem comum, identificado com a maioria humilde, isso facilitou a aceitação da mensagem que Ele trazia. E assim terá que acontecer conosco! Se quisermos atingir uma alma, precisamos nos identificar com aquela pessoa, pois ficará muito mais difícil atingi-la, se ela estiver num nível e nós noutro, embora não impossível. Estamos falando de princípios e não de regra geral. É claro que pode acontecer de uma empregada doméstica levar seus patrões aos pés de Jesus e vice-versa.

Na passagem bíblica que fala de Judas Iscariotes, quando ele precisou identificar quem era Jesus para os soldados que vieram prendê-Lo, havia um problema: já estava escuro, e as pessoas só conseguiam enxergar através das tochas que carregavam. Para aqueles soldados, Jesus, Tiago, João, o próprio Judas eram pessoas semelhantes. Tornou-se necessário que Judas mostrasse a diferença, pois para a maioria, Jesus era igual a qualquer judeu daqueles que estavam naquele lugar. “Aquele que eu beijar, este é Jesus.” (Lucas 22:47,48)

 

6.1  Adaptação ao meio

 

Nós conhecemos o testemunho a respeito de Hudson Taylor, um missionário que saiu do Inglaterra e foi para a China, um país de cultura totalmente diferente. A primeira coisa que ele fez ao chegar lá, foi tirar o terno e a gravata e vestir aquele tipo de jaleco que todos os chineses usam, além dos sapatinhos mocassim. Só não esticou os seus olhos porque isso estaria fora das suas condições.

 

James Hudson Taylor

 

Este missionário ganhou milhares de almas, na China. Aprendeu o idioma, comia as comidas locais, passou a participar ativamente da vida daquelas comunidades. Enfim, fez o que Jesus teria feito: procurou de todas as formas se identificar com as pessoas que pretendia ganhar para Deus. Nós precisamos aprender a fazer isso!

Também existe o testemunho de um missionário canadense que veio para o Alto Xingu, na Amazônia, procurando por uma cidadezinha onde se instalasse e pregar ali o Evangelho. Era uma comunidade onde não havia nem uma igreja.

O canadense veio de navio até Manaus, tomando ali um barco que o levou até a região do Alto Xingu. Ele e sua esposa tinham um chamado para aquele lugar, apesar de estarem casados há apenas seis meses. 

Durante essa viagem, sua esposa foi acometida de uma doença produzida por mosquitos da selva, vindo a falecer. O comandante do barco preveniu um marujo para ficar perto do jovem missionário, pois ele olhava muito triste para as águas do rio. Logicamente, ficaram imaginando que ele pudesse atirar-se nas águas para suicidar-se. Afinal, era um estrangeiro, em plena lua-de-mel, e perdeu a esposa num lugar daqueles!

Mas o missionário não esmoreceu. Chorou sobre o corpo da esposa, como qualquer pessoa faria quando perde um ente querido. No momento do sepultamento, ele mesmo a enterrou sozinho, sob imensa chuva. Suas lágrimas se misturavam com as gotas de chuva que rolavam pela sua face. Porém, ele exultava pelo fato da esposa estar salva, e que Deus estava lá para lhe dar forças para continuar a fazer a obra que lhes havia confiado. Ele suportou a situação.

Resultado: Em um ano, ele já tinha uma igrejinha funcionando; em dois, ele tinha vários pontos de pregação no meio do mato; em três, ele casou-se com uma cabocla local, e já estava se vestindo como qualquer pessoa dali. O missionário aclimatou-se, perdeu todos os seus costumes do Canadá.

Perto dali existia uma comunidade de leprosos, onde ele estava tentando entrar para pregar a Palavra de Deus, mas era impedido por causa da provável contaminação. Jejuou e orou muito por aquele projeto, por aquelas pessoas infelizes, pois sentia que teria uma grande obra a realizar dentro daquelas paredes, naquele lugar doentio.

Um dia, no meio do mato, enquanto trabalhava com um machado, quase decepou um dedo da sua mão, ficando com o tendão seriamente afetado. Como não existia hospitais na região, o missionário tratou-se com ervas silvestres e, resumindo, ficou com a mão torta e um dedo virado para o lado, vindo a perder a mobilidade de dois dedos e a mão, por conseguinte, ficou rígida.

Enquanto passava por esse sofrimento, sentiu de Deus que deveria voltar ao leprosário. Chegando ao portão, alguém o atendeu através de uma portinhola. Apresentou-se como missionário que estava tentando fazer ali um trabalho há quatro anos, pedindo veementemente que o deixassem entrar.

O homem da portinhola, que também era leproso, observou a mão defeituosa do missionário, e entendeu que ele também havia contraído a lepra, e procurava a comunidade para ser também tratado ali. A porta foi aberta para ele, então.

O missionário entrou, começou imediatamente a evangelizar, e hoje existe uma Igreja Evangélica lá dentro do leprosário. Deus permitiu que lhe acontecesse aquele acidente do machado, para que ele tivesse a aparência de leproso, o que lhe abriria as portas daquele lugar.

Comunidades inteiras estão fechadas para a pregação do Evangelho, cabendo-nos descobrir qual é a porta, qual é a entrada que nos possibilitará levar essas pessoas até os pés de Jesus. Quando se fala de comunidades, fala-se também de pessoas, individualmente, que são extremamente fechadas para serem abordadas.

Porém, você deve redobrar sua atenção, ficar alerta, pois sempre haverá um ponto sensível, um ponto vulnerável mostrado por Deus, em orações. Peça a Deus que lhe ajude a se comunicar com tais pessoas, com tais comunidades, a fim de poder pregar-lhes a Sua Palavra.

 

6.2  Nivelamento Social

 

O segundo texto que lemos (João 1:40-45) fala de comunidade de pecadores, e constatamos que homens encontram outros homens e os levam até Jesus. Jesus salva a um, e depois um a um vão chamando a outros e formando uma corrente de salvação. Eles falam a mesma língua, eles se entendem. Essa prática é frequente no próprio Evangelho.

A princípio, nós devemos falar de Deus para aquelas pessoas que estão mais próximas de nós: médicos falam para médicos, empregadas falam para empregadas, área com área, linguagem igual, vida igual.

Quando um pecador descobre a salvação, ele procura logo outro pecador que ele conhece e se dá bem, e lhe leva a boa nova. Ele não vai procurar um filósofo para contar sobre a sua descoberta espiritual! Fica mais fácil alcançarmos aqueles que estão mais próximos de nós, mas nunca devemos nos omitir nos casos especiais, mais difíceis de alcançar. Não devemos radicalizar. Deus opera de todas as formas e maneiras.

Aquelas pessoas que têm facilidade para evangelizar conseguem fazê-lo com todo tipo de incrédulo, e em qualquer lugar e situação. Deus lhe abre a porta, elas vão testemunhando, e os frutos começam a aparecer. Deus é glorificado nos dons desses irmãos.

Agora, porém, nossa preocupação está com aqueles que não possuem esses dons, que sentem mais dificuldades na abordagem. Esses devem se restringir a falar de Jesus apenas aos seus iguais, como falávamos antes. Nunca esqueça: você pode não ter o dom de evangelizar, mas tem a responsabilidade de testemunhar. Conte para os outros o que lhe aconteceu! Isso já é um começo para abrir caminhos.

Havia, em Porto Alegre, um grupo de empregadas domésticas que se converteram, e que um dia deram testemunho impressionante num seminário sobre evangelização. Uma delas, recém-convertida, fazia parte de uma associação de classe, e ao ter contato com outras empregadas que estavam na reunião, sentiu de Deus de falar para elas daquilo que lhe havia acontecido, das mudanças ocorridas na sua vida espiritual, etc.

Como resultado, dezenas de empregadas domésticas se converteram, e com o testemunho de uma única empregada doméstica! Ela era nova-convertida, sem experiências, sem muita leitura bíblica... Ela apenas falou a mesma linguagem para pessoas iguais a ela. Identificou-se com o grupo. Foi responsável! Testemunhou!

 

6.3 Eficácia do testemunho

 

Quando você tem muita dificuldade de argumentar com pessoas confusas, contestadoras, e não consegue apresentar o Plano de Salvação, mude de estratégia e passe a falar daquilo que Jesus fez na Sua própria vida! É dito por aí que “contra fatos, não há argumento.” É o momento de se fechar a Bíblia e falar de coisas cotidianas, coisas práticas.

Eu, por exemplo, passaria a testemunhar que fui dependente de drogas, e que ninguém, nem a polícia, nem família, nem médicos puderam fazer qualquer coisa por mim. Entretanto, no momento em que, pela fé, dei lugar a Jesus no meu coração, fui libertado das drogas. São fatos! Eu posso apresentar testemunhas dessa mudança! E contra fatos, não há argumento!

Você pode falar dos seus problemas antigos, de como andava desesperado, não conseguia dormir à noite, estava a ponto de ficar louco, mas quando encontrou Jesus, a sua vida se equilibrou, a sua emocionalidade se ajustou ao poder de Deus. Contra isso não há o que argumentar!

Tenho uma outra história para contar, que exemplifica muito bem isso. Começou a acontecer um avivamento numa época numas ilhas do Pacífico, época em que um missionário esteve por lá pregando o Evangelho. Vale observar que essas ilhas eram habitadas por índios canibais, ou seja, índios antropófagos.

Pessoas que passaram antes por lá para pregarem o Evangelho, haviam sido devoradas por aqueles canibais, mas o seu sangue foi como que uma semente naquela terra, pois houve um momento em que aquela comunidade foi salva pelo poder de Deus e uma grande igreja foi construída e passou a funcionar ali.

Enquanto isso ia acontecendo, um jornalista francês ficou curioso com as notícias que chegavam daquela região, e resolveu ir lá pessoalmente para averiguar os fatos. Como era um ateu convicto e zombeteiro, ele planejou fazer lá uma matéria que desmentisse tudo o que estavam noticiando, que tudo não passava de uma farsa.

Assim que desembarcou nas ilhas, começou a ridicularizar os índios, dizendo-lhes que tinham sido “enrolados” por aquele missionário, e dizendo também que a Bíblia não passava de um monte de papel que aceitava tudo. E foi por aí dizendo essas e outras coisas.

O cacique, que havia se transformado no pastor da Igreja, respondeu ao jornalista que não reunia conhecimentos para responder a essas afirmações sobre a Bíblia, mas que se não fosse por “essa” Bíblia que ele tanto menosprezava, fatalmente já teria sido comido há mais de meia hora pela tribo inteira! O cacique estava querendo dizer que tal coisa não tinha acontecido por causa daquele livro, mas sim pelo poder de Deus, que inspirou aquele livro.

O jornalista saiu dali humilhado, envergonhado por um simples indígena, mas que agora tinha a graça de Deus no seu coração. O cacique não argumentou porque não tinha preparação para discutir, mas testemunhou sobre as coisas que Jesus fizera na sua vida. Entenderam, agora?

 

VII. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Não existe nada mais estimulante para a nossa vida espiritual do que quando começamos a nos preocupar com essas pessoas sem Deus, sem esperança, sem salvação, distantes, afastadas das promessas de Deus e das bênçãos prometidas para aqueles que creem. Essas pessoas nem sabem que existem essas promessas. Que coisa triste, irmãos!

 

7.1 O testemunho renova a fé

 

Quando passamos a ser tomados por esses sentimentos, nossa vida espiritual vai se ativando, e a cada testemunho que damos recebemos a graça de Deus para a nossa própria renovação espiritual. Cada alma que conseguimos levar aos pés de Cristo representa um acréscimo de alegria e gozo espiritual.

Este exercício da nossa vida espiritual, de maneira pública, seja na forma de nosso testemunho de vida ou oral, na forma da palavra, é uma maneira sábia de vivermos diante de Deus.

Chegamos para as pessoas e as convencemos de que todas as coisas que alcançamos podem ser alcançadas por eles, como a Salvação, a cura, o amor, a paz. Quando falamos para elas a mensagem da fé e da esperança, essa mesma fé e esperança, ao mesmo tempo, como que de maneira simultânea, vai crescendo dentro do nosso próprio coração.

A mulher samaritana (João 4), após conhecer a Jesus e ser convencida de que Ele era o Cristo, largou seu cântaro e correu para a cidade, chamando a todos para que viessem conhece-Lo, e para conhecerem as Suas maravilhas.

É assim que acontece! Quando somos salvos, não podemos deixar de contar essas maravilhas que aconteceram aos nossos corações. A mulher esqueceu-se da água que tinha ido buscar, pois houvera provado de outra água que lhe tinha saciado inteiramente, de maneira completa. Ela bebera a água da vida, ou seja, a Palavra de Deus!

Assim, a vida cristã se renova quando damos testemunhos de Jesus. Vemos aqui Jesus Cristo vivendo essa prática de evangelização. Se alguém tem que aprender a evangelizar, que o faça com Jesus, o Mestre, o Modelo maior. O Seu estilo é aquele que vimos anteriormente: Ele prega a Palavra e volta para confirmá-la, como se faz com a semente plantada, que precisa ser regada.

Você, que quer evangelizar, volte como Jesus, volte para regar a terra, volte para adubá-la em volta do lugar onde plantou a semente. Use a pá do amor, o instrumento de Deus, o instrumento que você deve usar para retirar as pedras que possam estar oprimindo a terra onde você semeou a Palavra de vida eterna, retirar os espinhos que Satanás tenta produzir para afogar a semente, e ela se torne infrutífera. Essa terras está esperando pelos seus cuidados constantes. Não a abandone!

Só consegue crescer a Igreja que é evangelizadora, a que não para no tempo e no espaço, cujos membros são evangelistas particulares, ganhadores de almas para o Reino de Deus. Esse é o tipo de Igreja que conquista todas as dimensões espirituais que Deus tem nos preparado.

 

7.2  A responsabilidade é de todos

 

A Igreja que é evangelizadora não espera que só os pastores, presbíteros, ministros em geral ganhem almas, pois todos têm essa responsabilidade, todos estão comprometidos com a Salvação Das almas, estão com uma chama de fogo nos seus corações.

Quando Jesus deixou a ordenança de ser pregado no Evangelho para todo o mundo, a ordem não era só para os doze apóstolos que estavam à frente da Igreja Primitiva. Ele estava falando com todos os Seus seguidores, com todas as pessoas que foram alcançadas pela pregação do Evangelho! 

Você, hoje, é um dos Seus seguidores, dos Seus discípulos, uma testemunha, é uma das almas alcançadas pelo Evangelho! Você tem que ganhar novas almas para Jesus também! Pelo menos, você tem que se esforçar para que isso aconteça! Se você não ganhar almas, pelo menos tentou, ajudou de alguma forma para que isso acontecesse pelas mãos de outros irmãos. Você pode ter ajudado distribuindo folhetos evangelísticos, convidou gente para o culto, testemunhou das suas alegrias, etc.

 

 

AUTOR

Pr. Bartolomeu de Andrade (1992)

 

FONTE

 

Este estudo foi ministrado pelo Pr. Bartolomeu Severino de Andrade, na Igreja ADI, em Tubarão/SC, nos primeiros dias do ano de 1992. Como resultado da gravação das palestras, foi compilado um livreto, cujo objetivo era a distribuição para os membros da denominação. Mais tarde, em 2017, o autor do trabalho, Prof. Walmir Damiani Corrêa viabilizou este estudo para o site www.elevados.com.br.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

Por: Bartolomeu de Andrade

Publicado em 04/07/2013

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