HISTÓRICO DO ADVENTISMO
TUBARÃO/SC
Tubarão/SC
TUBARÃO, UM CELEIRO RELIGIOSO
A cidade de Tubarão nasceu próxima da antiga e histórica cidade de Laguna, na Região Sul de Santa Catarina, sendo considerada nos anos 1960 como uma das principais cidade do Estado.
Além de servir de sede à primeira Diocese Católica da Região Sul, Tubarão também serviu de nascedouro regional para uma série de Igrejas Evangélicas tradicionais e pentecostais, que depois foram se espalhando para as demais localidades vizinhas como Criciúma, Siderópolis, Jaguaruna, Orleans, Lauro Müller, Urussanga, Araranguá, Braço do Norte, etc.
O MOVIMENTO ADVENTISTA EM TUBARÃO
O Adventismo, nesta cidade, começou com um barbeiro chamado Manoel Bruno Machado, nascido em 06/10/1882, filho mais velho de Manoel Venâncio Maximiano Machado, casado com Djanira Guedes de Araújo Machado, pai de seis filhos.
O interessante é que Manoel era um homem dominado por vários vícios como jogo de cartas, bebida alcoólica, cigarro, prostituição, sendo muito respeitado pela sua coragem e valentia. Sua barbearia funcionava na rua Lauro Müller, às margens do Rio Tubarão.
Por volta de 1918, ele apareceram na barbearia dois vendedores de livros evangélicos, provenientes do Rio Grande do Sul. Além de vendedores dos livros, eles pregavam os ensinamentos adventistas a todas as pessoas que lhes davam atenção.
Manoel, apesar do seu jeitão, aceitou maravilhado todas as boas novas desses dois viajantes gaúchos, convertendo-se imediatamente ao Adventismo. Como costumava entrar de corpo inteiro em tudo que fazia, Manoel passou a não trabalhar mais aos sábados, fechando sua barbearia nesse dia da semana, o que suscitou reclamações dos clientes. As pessoas não entendiam como um homem acostumado a vícios e atitudes de valentia pudesse se transformar tão rapidamente num homem religioso. Ele, porém dentro da sua nova postura, ignorava os comentários dos fregueses e amigos.
Por volta de 1920, sentindo-se sozinho nas suas crenças, ele resolve mudou-se para a localidade de Cabeçudas, no vizinho município de Laguna, quando passou a formar grupos de estudo bíblico, naquele lugar. Como resultado, pessoas foram sendo batizadas, inclusive alguns membros da sua família.
Mas o sonho de Manoel de evangelizar a sua cidade, não havia morrido. No final da década de 1920 ele retornou para Tubarão, dando início ao seu antigo projeto de evangelização, tornando-se o primeiro pregador voluntário na região.
COMEÇA O ADVENTISMO EM TUBARÃO
Pela ausência de templos, as primeiras reuniões adventistas iam sendo realizadas nas casas dos simpatizantes. O começo foi em Morrinhos, localidade próxima à Madre, utilizando a casa dos irmãos João Honório de Souza e Timóteo Ávila. O crescimento do trabalho logo atingiu também a localidade de Congonhas, com reuniões na casa do Sr. José Pacheco Guimarães. Chegando ao centro da cidade, as reuniões foram acontecendo na residência do Sr. João Larroyd.
Toda a comunicação, convites e recados aconteciam de boca em boca, pois não existia ainda a possibilidade de usar rádio, e os jornais era “controlados” pela maioria católica,
Perseguições religiosas
Como Manoel residia na rua Prudente de Moraes (Rua do Canudo) bem perto da residência dos padres e da Igreja Matriz, logo ficou na mira do Padre Geraldo H. Spetmann, um padre rabugento e intransigente da época, vigário da Igreja Matriz, homem que não aceitava a presença de ensinamentos religiosos diferentes na cidade onde ele costumava mandar.
Inaiá Guedes Cardoso, filha de Manoel, conta que seu pai sofreu vários ataques deste vigário, inclusive através dos sermões nas missas, quando proibia os católicos de procurarem os serviços profissionais desse barbeiro. Constantemente afirmava publicamente que Manoel era um enviado do diabo.
Quando mais Manoel aumentava seu círculo de evangelização, também aumentavam as perseguições do Padre Geraldo, que chegou a procurar o Dr. Otto Feuerschuette, prefeito da cidade, para que expulsasse da cidade este “barbeiro atrevido”.
O que o padre não contava é Dr. Otto, além de descendente de alemães, simpatizante das doutrinas luteranas, também era frequentador da barbearia do Sr. Manoel. O político foi obrigado a procurar pelo amigo e pedir que evitasse atitudes que deixassem o padre tão enraivecido.
Por exemplo, as crenças religiosas de Manoel não permitiam que ele trabalhasse aos sábados, mas não via nenhum problema que ele abrisse a barbearia aos domingos. E assim ele fez, passando a atender as pessoas nas manhãs de domingo, quando saíam da missa. Isso enfureceu ainda mais o Padre Geraldo, que considerava o domingo como um “dia santo de guarda”, quando ninguém poderia trabalhar.
Para que não ficasse mal nem com o vigário e nem com o seu barbeiro e amigo, o prefeito Otto Feuerschuette o aconselhou a abrir a barbearia de forma mais discreta, reservada, nos domingos, sem deixar a porta aberta, evitando assim que o padre continuasse a reclamar.
MANOEL ENTREGA OS PONTOS
Com problemas de saúde (diabetes) e cansado das perseguições, Manoel abandonou a profissão de barbeiro, mudando-se para a cidade de Imbituba, onde começou a trabalhar como guarda de segurança na Companhia Pesqueira. Na realidade, o ar marítimo favorecia o tratamento de seus problemas de saúde. Juntou o útil ao agradável.
Ele pretendia fazer um trabalho de evangelização naquele município. Quando se aposentou, planejava dedicar-se totalmente à proclamação do Evangelho, mas voltou a residir na localidade de Cabeçudas. Ele faleceu em 28 de agosto de 1858, aos 76 anos de idade.
OS CONTINUADORES DA OBRA
Depois que Manoel se mudou para Imbituba, os adventistas remanescentes continuaram as pregações por ele iniciadas, e o trabalho foi prosperando.
Em 1956, realizou-se uma série de conferências em Tubarão, dirigidas pelo Pastor João de Deus Pinho, que transferiu a direção dos trabalhos para um templo na rua Santos Dumont. Em 1960, quatro anos depois, foi iniciada a construção da capela da rua Luiz Martins Colaço (foto abaixo), que passou a sediar as reuniões de toda a congregação.
Templo da Rua Luiz Martins Collaço (1986)
BERNARDINO SANTOS
Com os trabalhos avançando, e com o templo-sede pronto, chega a Tubarão o adventista Bernardino Santos, que também era vendedor de livros religiosos, líder que conseguiu acrescentar grande número de fiéis batizados, inclusive pessoas de valor reconhecido na sociedade tubaronense.
Graças a esse crescimento, a Igreja pôde se projetar na obra missionária, contando com a participação do vereador Antônio Firmino de Souza, de Naason Ávila de Souza, José Pacheco Guimarães Sobrinho, Siegrfried Rutz, Loíde Alves e por fim aquele que seria o eleito para a construção da nova igreja, o Prof. Milton Gurd Kuntze.
Escola Adventista (2014)
FONTE DE PESQUISA
Os dados históricos aqui registrados foram baseados numa monografia universitária, obra da acadêmica Rejane Vechi, da UNISUL, cujo campus está sediado em Tubarão/SC.
A foto noturna da cidade de Tubarão, no início, é do fotógrafo André Fernandes, da empresa FernandesFotografia.
Estamos aberto a contribuições, para aprimoramento deste trabalho, caso seja do interesse de algum leitor ligado à Igreja Adventista.
Por: Walmir Damiani Corrêa
Publicado em 24/03/2015
Procedência - Monografia da Unisul
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