INOCÊNCIO III
(1161-1216 d.C.)
Nosso personagem pertencia à família Conti, uma nobre família italiana, tendo o nome original de Lottario, e desfrutando de ser sobrinho do Papa Clemente III (1187-1191).
Apesar de crescer num meio eclesiástico, Lotário ganhou notabilidade pelos seus próprios esforços e não por nepotismo. Ele nasceu no Castelo de Gavignano, em Anagni, e faleceu em Perúgia. Seu corpo foi sepultado na Arquibasílica de São João de Latrão, em Roma.
Castelo nobre de Gavignano
Tumba de Inocêncio III na Basílica de São João de Latrão
Lotário recebeu sua educação inicial em Roma, e posteriormente estudou nas duas mais importantes universidades do renascimento de sua época: Teologia, na Universidade de Paris. Quando se tornou papa, Inocêncio nomearia seus antigos professores para vários cargos eclesiásticos importantes. Posteriormente, Lotário estudou Direito Canônico na Universidade de Bolonha.
Lotário foi nomeado papa em 1198, quando passou a ser chamado de Inocêncio III, administrando Roma até 1216, data da sua morte. Foi considerado o maior pontífice da Idade Média e uma das personalidades mais influentes da história, deixando um amplo legado para a Igreja Católica, principalmente na teologia política, para a Europa, e especialmente para o Direito, absorvendo e aplicando vários princípios e normas das leis romanas, que então passaram a ser usadas pelo Direito medieval e moderno.
Inocêncio III convocou o mais importante concílio da Idade Média, o Quarto Concílio de Latrão, que definiu o papel da Eucaristia na Igreja por meio da declaração do dogma da transubstanciação, da doutrina que “fora da Igreja não há salvação”, da obrigatoriedade da confissão anual e de novas leis sobre a consanguinidade e o casamento.
Concílio de Latrão
Considerando que era sua função como papa defender a Igreja e a cristandade, convocou e organizou sete cruzadas, das quais as mais importantes foram a Quarta e a Quinta Cruzada, que fazem parte das nove cruzadas contra o Islã, bem como a Cruzada Albigense, que eliminou o catarismo no sul da França, e a Cruzada Livônia, uma das expedições que extinguiu de forma definitiva o paganismo da Europa Setentrional.
Inocêncio III também recuperou as terras papais invadidas pelo imperador Henrique VI: Romagna e Marca de Ancona, Espoleto e parte da Toscana. Para cada uma das áreas conquistadas, cardeais eram designados rectores ou enviados como legados com funções políticas, surgindo uma rede governos provinciais estáveis e duradouros no território papal.
Em seguida, Inocêncio compôs e liderou a “Liga Lombarda”, pela qual as comunas da Itália do Norte se reuniram militarmente e expulsaram seus senhores alemães impostos pelo Império durante o reinado de Henrique VI, e voltaram a ser administradas por italianos de forma independente, tornando-se aliados do papado.
Inocêncio agrupou desavenças com governantes franceses, alemães e ingleses, além das não concordâncias com os cinco estados que formavam a Península Ibérica Cristã (Portugal, Leão, Castela, Aragão e Navarra), que não abriam mão dos seus casamentos não canônicos (entre parentes).
Sem entrar em detalhes, Inocêncio III também interferiu política e religiosamente em todos os outros países da Europa. O papa era suserano e senhor feudal da Inglaterra, Portugal, Aragão, Dinamarca, Polônia, Boêmia, Hungria, Dalmácia, Noruega, Suécia, Islândia, Cracóvia e outros pequenos territórios.
Em 1215, enquanto se recuperava de um forte ataque de malária, que lhe esgotava as forças física e mental, Inocêncio reclamava muito de não poder respirar regularmente. Em 1216, reunindo suas últimas forças, conseguiu deslocar-se até o norte da Itália, onde tentou conciliar as cidades de Pisa e Gênova, tentando convencê-las a unirem-se à Quinta Cruzada. Durante esses seus esforços o papa foi acometido novamente de malária, vindo a morrer em 16 de julho de 1216, aos 55 anos de idade.
Um acontecimento horroroso a ser registrado é que na noite posterior à morte de Inocêncio, seu corpo foi roubado e só apareceu dois dias depois, abandonado despido e já em decomposição. Em 1891, quase 700 anos mais tarde, o Papa Leão XIII ordenou a transferência dos restos mortais de Inocêncio III para a Basílica de São João de Latrão, em Roma.
AUTOR DA PESQUISA
Walmir Damiani Corrêa
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