SEIS LIÇÕES DA
PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
Levantou-se certo doutor da Lei e, querendo por Jesus em prova, perguntou-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Jesus respondeu-lhe: O que está escrito na Lei? Como lês? Respondeu-lhe o homem: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. Então Jesus lhe disse: Respondeste bem. Faze isso, e viverás.
Ele, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? Respondeu-lhe Jesus: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos assaltantes, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. Casualmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote que, vendo-o, passou de largo. De igual modo também um levita chegou àquele lugar e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho. Então, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. Partindo no outro dia, tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares com ele eu te pagarei quando voltar.
Qual destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos assaltantes? Ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse Jesus: Vai, e faze da mesma maneira. (Lucas 10:25-37)
Um dos métodos que Jesus mais empregava nos seus ensinos era o das parábolas, que são pequenas estórias baseadas em fatos reais, tendo sempre uma verdade central.
Na “Parábola do filho pródigo”, por exemplo, a verdade central é o amor de Deus que tudo perdoa; a “Parábola da “semente” ressalta a pregação do Evangelho; a “Parábola dos talentos” tem como verdade central que ninguém pode dizer que não tem nenhum talento na Igreja, e assim por diante.
No momento em que estamos estudando e ensinando a Bíblia, não podemos dar interpretação própria dos seus textos, mas dar lugar ao Espírito Santo, para que faça isso por nós. Em caso contrário, cairíamos em erros terríveis, estaríamos possivelmente até criando novas doutrinas. A Bíblia tem que ser interpretada espiritualmente, nunca intelectualmente.
Ao lermos a “Parábola do bom samaritano”, descobrimos vários personagens reais e outros fictícios, porém baseados em personagens reais.
O DOUTOR DA LEI
É um personagem real, que estava sentado ouvindo à pregação de Jesus. É bom que se diga que naquela época era costume o ouvinte se levantar quando quisesse apartear, ou seja, comentar algo sobre o que estava ouvindo. Esse comportamento mostrava respeito ao palestrante.
Porém, embora o doutor da Lei tivesse mostrado respeito para com Jesus, ele estava agindo hipocritamente, pois a motivação do seu coração não era sincera. Ficou de pé, mas seu coração não era sincero. (v.25)
Se pensássemos com a cabeça dos alunos de hoje, aquele homem estava testando Jesus, e segundo a Bíblia, ele estava tentando ao próprio Deus. Não se tenta a Deus. (Mateus 4:7 e Deuteronômio 6:16).
Essa ação de tentar a Deus acontece de diversas maneiras. Cada vez que fizermos coisas que Deus proíbe, estamos testando a Deus. Temos que ter respeito pelo nome de Deus. (Mateus 6:9)
Quando o homem pergunta a Jesus o que deveria fazer para receber a vida eterna (v.25), estava ironizando, pois sabia perfeitamente qual seria a resposta. Ele simplesmente queria testar Jesus, e aparentemente não o estava considerando como o Messias.
Mas Jesus “mexia” com esses doutores da Lei, pois suas palestras os deixava apreensivos, estupefados. Jesus era diferente dos mestres da época, porque enquanto os outros viviam ensinando o que sabiam, Jesus ensinava vivendo o que dizia.
A prática refletia tudo o que Jesus dizia, e os doutores da Lei não conseguiam perceber isso. A própria vida de Jesus era uma pregação. (Mateus 7:28,29). O homem, por exemplo, confundia a vida eterna com um bem material, fato que João (João 5:24) esclareceria mais tarde: a vida eterna não é coisa herdada como as coisas materiais, mas um dom à nossa disposição. É conseguida com humilhação, crendo-se no Deus que a enviou para nós.
Mediante a pergunta capciosa do doutor, Jesus usou outro artifício didático, ou seja, responder com outra pergunta (v.26), pois sabia que o homem era mestre nos conhecimentos da Lei Mosaica, mas que não a praticava. O homem, mais uma vez, quis testar a Jesus, confundi-Lo, perguntando como iria saber quem é o “nosso próximo” (v;29).
JESUS
É o nosso segundo personagem real nesta estória. Para responder à pergunta do homem, Jesus lhe conta a “Parábola do bom samaritano”, sem que, em momento algum, mencionasse a nacionalidade dos salteadores (v.30). Com isso, Jesus estava querendo responder que o nosso próximo pode ser qualquer pessoa, conhecida ou desconhecida, e também dizer que o samaritano ajudou ao homem machucado sem o conhecer. Isso responde muita coisa. Isso diz muita coisa.
Se nos reportarmos ao texto (v.30), ali diz que o homem estava descendo de Jerusalém (um lugar abençoado) para Jericó (um lugar amaldiçoado). A estradinha que ligava essas duas cidades não media mais que 27 quilômetros e era cheia de salteadores, à noite. O homem assaltado deveria ser um estrangeiro, pois quem era daquela região não se arriscaria a passar por ali naquela hora. Com certeza ele desconhecia o perigo.
Se transportássemos essa situação para hoje, dando uma pitadas de espiritualidade, estaríamos na igreja (Jerusalém) e poderíamos ser vítimas de demônios (salteadores) se descêssemos para o mundo (Jericó).
Um crente, no momento em que se desvia, passa a receber a visita de espíritos malignos. Bem-aventurado aquele que consegue recuperar um desviado, pois enquanto o doente tem um espírito, o desviado tem mais sete espíritos (Mateus 12:34-45 e Lucas 11:24-26).
Um dia o diabo fez conosco exatamente o que os salteadores fizeram com aquele pobre homem: nos atacou, nos despojou daquilo que conseguimos ser ou ter, roubou-nos a paz, a felicidade e a alegria. Viramos trapos nas mãos de satanás, mas Jesus veio para nos dar vida. (João 10:10)
NOSSA IGREJA
Nosso terceiro personagem é um ambiente muito melhor do que o mundo em que vivemos, apesar de todos os seus problrmas e dificuldades para caminhar. Embora pareça que lá fora possamos ter amigos melhores, é engano; aqui é melhor do que lá fora, pois lá estaremos expostos a toda sorte de dissabores, e aqui estaremos protegidos.
Elvis Presley, por exemplo, era filho de crentes, foi educado e preparado para cantar hinos evangélicos com sua belíssima voz. Nasceu e cresceu em “Jerusalém”, mas preferiu deixá-la para descer e viver em “Jericó”. Os salteadores o tomaram e o maltrataram até que morresse. Sua história é bastante conhecida, principalmente o fim que ele teve.
Lá fora é muito perigoso, irmãos! É melhor ficar em “Jerusalém”! Não se aventure como aqueles que não conhecem o perigo (1 Coríntios 10:12)
O SACERDOTE E O LEVITA
Voltando a comentar os seis personagens do nosso texto-base, assistimos aos nossos quatro primeiros personagens, ou seja, os que passaram pelo homem sem o ajudar. O sacerdote estava descendo, ocasionalmente, a estrada, e logo depois veio um levita, sendo que ambos não socorreram ao homem machucado (v.31,32) Mas o samaritano, irmãos, esse não estava descendo, mas apenas viajando (v.33), segundo o texto, e possivelmente estava subindo, pois o texto não especifica. E você, quando está subindo na graça, costuma se transformar num bom samaritano?
Houve um dia em que alguém nos encontrou abandonados, saqueados, e nos levou para “Jerusalém” (Igreja). Jesus nos tomou pelas mãos, curou nossas feridas, colocou nelas uma mistura cicatrizante de vinho e azeite. Quem não sabe, fique sabendo que o azeite tipifica o Espírito Santo, enquanto que o vinho tipifica a alegria do Espírito Santo. Quando um crente perde uma dessas duas coisas, ele cai espiritualmente, não consegue se alegrar com mais nada, pois perderá a companhia do Espírito Santo (Salmos 51:11,12). O rei Davi sentiu isso e orou humilhado a Deus.
Ficamos preocupados com as pessoas tristes na Igreja: parece que perderam o vinho e o azeite. Que Deus nos tire tudo que temos, menos a alegria, o gozo da Sua salvação “Alegrai-vos sempre no Senhor!” (Filipenses 4:4). Jesus está com você! Você não está abandonado! “Jesus te fez co-participante das riquezas do céu.” (Romanos 8:17)
O HOSPEDEIRO
Podemos agora falar um pouco do hospedeiro, o nosso último personagem (v.35), que tipifica o Espírito Santo, aquele que cuida de nós para sempre, quando lhe é solicitado. Ele é o ajudador (João 14:16,26), o ensinador, mestre e guia (João 16:13), o intercessor (Romanos 8:26).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluindo, podemos dizer que nessa parábola aprendemos várias lições:
1) Com o doutor da Lei aprendemos que o que agrada a Deus é a nossa postura de coração e não a postura física;
2) Com Jesus, o Mestre dos mestres, aprendemos que é melhor pregar vivendo que viver pregando;
3) Com o homem caído, aprendemos que o nosso próximo pode ser qualquer um;
4) Com a descida de Jerusalém para Jericó aprendemos que a Igreja é melhor do que o mundo, pois nela estaremos protegidos dos demônios salteadores, que estão por aí, de tocaia;
5) Com a mistura de azeite e vinho colocada nas feridas do homem, aprendemos que a unção do Espírito Santo e a alegria do Espírito não poderão faltar jamais ao cristão.
6) Com o bom samaritano, aprendemos que um dia Jesus nos encontrou nas mesmas condições do homem da parábola, e não passou adiante. Ele parou e nos socorreu.
PREGADOR
Pr. João Paulo Peres Pereira
A mensagem acima foi pregada no antigo templo da Igreja ADI, em Tubarão/SC, em 07/04/1992. O Pastor Paulo utilizou como texto-base Lucas 10:25-27. A transformação da pregação em mensagem escrita é um trabalho de Walmnir Damiani Corrêa e do site www.elevados.com.br.